Josmar Jozino

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Reportagem

Quem são os suspeitos de matar presos que planejaram sequestro de Moro

A Polícia Civil diz ter identificado os três presos suspeitos de matar Janeferson Aparecido Mariano Gomes, 48, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, 48, o Rê, no início da tarde de segunda-feira (17) na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), um forte reduto do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Nefo e Rê eram acusados de planejar os sequestros do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, de Presidente Prudente (SP). Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), eles foram mortos a mando do PCC.

Os presos Luís Fernando Baron Versalli, 53, Ronaldo Arquimedes Marinho, 53, e Jaime Paulino de Oliveira, 46, se apresentaram como autores dos assassinatos de Nefo e Rê, mas não explicaram a motivação do crime. Alegaram apenas "acerto de contas". Um quarto suspeito também é investigado.

Segundo a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária), as mortes ocorreram depois do almoço, durante o banho de sol no pátio. Nefo foi levado para o banheiro e acabou assassinado a facadas. Em seguida, os criminosos mataram Rê.

Já havia matado outro preso

A reportagem apurou que Versalli tem condenação de 69 anos e seis meses por latrocínio (roubo seguido de morte) e homicídios. Em setembro de 2003, ele foi acusado de matar outro preso, Joseilton Félix, de 29 anos, na cela 317 da Penitenciária de Iaras (SP) e pegou uma pena de 16 anos.

O prisioneiro Marinho tem pena total de 39 anos e 11 meses pelos crimes de homicídio, roubos e furtos. Em outubro de 2020, ele ganhou de André Oliveira Macedo, o André do Rap, roupas, calçados, toalhas, fronhas, lençóis, cobertor, travesseiro, uma Bíblia e dois livros. Os presentes foram dados quando o narcotraficante ligado ao PCC deixou a P2 de Presidente Venceslau beneficiado por habeas corpus.

Já o presidiário Oliveira foi condenado a 36 anos e quatro meses por homicídios registrados nas cidades de Araraquara e Campinas, no interior paulista. Oliveira, Marinho e Versalli foram isolados em pavilhão disciplinar e responderão pelo duplo homicídio. As suspeitas são de que eles cumpriram ordens da cúpula do PCC.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos três suspeitos. O texto será atualizado caso haja manifestação dos defensores deles.

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"Falaram demais"

Fontes do sistema prisional disseram que Nefo e Rê teriam falado demais e, por isso, acabaram mortos por determinação da célula restrita do PCC, responsável por coordenar atentados terroristas e ataques contra prédios públicos e autoridades.

Ambos foram presos em março do ano passado pela PF durante a Operação Sequaz, deflagrada para desarticular a célula terrorista da facção criminosa. Outras sete pessoas acusadas de pertencer ao bando também foram detidas.

Em maio do ano passado, a juíza Sandra Regina Soares, da 9ª Vara Federal de Curitiba, aceitou denúncia contra 13 acusados. Oito deles viraram réus pelos crimes de organização criminosa e extorsão mediante sequestro. Um deles era Nefo.

Os outros são Claudinei Gomes Carias, o Nei, homem de confiança de Nefo: os irmãos Herick da Silva Soares, Sonata, e Franklin da Silva Correa, o Frank; Aline de Lima Paixão, companheira de Nefo; Aline Ardnt Ferri: Cintia Aparecida Pinheiro Melesqui e Hemilly Adriane Mathias Abrantes.

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Já os réus Patrik Velinton Salomão, o Forjado; Valter Lima do Nascimento, o Guinho; Rê; Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan, o El Sid, e Oscalina Lima Graciotte, foram denunciados por organização criminosa.

Os acusados foram identificados pela PF a partir de denúncia feita por um ex-integrante do PCC ao Gaeco (Grupo de Atuação especial e de Combate ao Crime organizado), de Presidente Prudente, subordinado ao MP-SP.

O delator forneceu nomes e números de telefones dos envolvidos no planejamento do ataque e contou que bem antes de revelar tudo ao Gaeco era ameaçado de morte por Nefo, que, segundo ele, pertencia ao PCC e seria o chefe da célula da facção responsável pela organização da ação terrorista.

Ainda de acordo com o delator, Sergio Moro deveria ser sequestrado para servir como moeda de troca para a libertação de líderes do PCC recolhidos em presídios federais, especialmente nas Penitenciárias de Brasília (DF) e de Porto Velho (RO).

Todos os réus foram investigados durante a Operação Sequaz. Forjado, apontado pelo MP-SP como integrante da cúpula do PCC, e El Sid, solto em setembro de 2022, mesmo tendo contra ele um mandado de prisão por homicídio, não foram encontrados pelos agentes federais.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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