Preso por elo com PCC que queria ser candidato zomba de eleitores em SP
Leandro César de Souza, 36, preso pela Polícia Civil de Mogi das Cruzes (SP) por suspeita de ligação com integrantes da cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital), queria se candidatar a um cargo político, possivelmente a vereador, nas eleições municipais deste ano.
O sonho virou pesadelo. Leandro foi preso no último dia 6, durante a Operação Decurio, deflagrada na capital, em sete municípios da Grande São Paulo, quatro cidades do interior e em outras quatro do litoral paulista. Os policiais civis cumpriram 60 mandados de busca e apreensão.
Além dele, outros 12 investigados também foram presos temporariamente, por 30 dias. No total, a 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital havia decretado as prisões de 20 suspeitos. Sete estavam foragidos.
No telefone celular apreendido com um dos alvos, policiais civis de Mogi das Cruzes encontraram um áudio de Leandro, enviado para a mulher de um integrante do PCC preso na Penitenciária 1 de Avaré (SP), no qual ele debocha dos eleitores.
Ouça o áudio aqui.
'Povo gosta de ser enganado'
Na mensagem, Leandro diz à interlocutora que iria se candidatar e seria eleito porque o "povo gosta de ser enganado". Ele afirma ainda à mulher que ela votaria nele. Os agentes não conseguiram descobrir para qual cargo político e por qual partido ele se candidataria.
Os policiais civis acreditam que ele se preparava para se filiar a um partido e pretendia disputar as eleições municipais, possivelmente na Baixada Santista, onde tem endereço residencial e empresa constituída. Ele foi preso naquela região.
A reportagem entrou em contato via WhatsApp na noite de sexta-feira (30) com Eduardo de Oliveira, advogado de Leandro, mas não obteve retorno do defensor. O espaço continua aberto para manifestações e o texto será atualizado se houver um posicionamento.
Justiça bloqueia R$ 8 bilhões do PCC
O juiz Paulo Fernando Deroma de Mello determinou o sequestro de aeronaves, embarcações, veículos e outros bens dos suspeitos no montante de R$ 8.150.476.668,00. Impôs ainda medidas cautelares diversas da prisão contra os acusados de envolvimento em lavagem de dinheiro para a facção.
Nomes de criminosos da cúpula do PCC, como Décio Gouveia Luiz, o Décio Português, acionista da UPBus, suspeita de lavar dinheiro para a organização, e Patric Uelinton Salomão, o Forjado, o número 1 da facção em liberdade, estão na lista dos foragidos.
Segundo a Polícia Civil de Mogi das Cruzes, os alvos das prisões e dos mandados de busca e apreensão são integrantes do PCC, alguns, inclusive, exercendo cargos de liderança, como Décio Português e Forjado, acusado de planejar em Curitiba o sequestro do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR).
As investigações tiveram início em 9 de junho de 2023, em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, onde os agentes apreenderam 28 kg de maconha e 8 kg de cocaína na casa da mulher de Anderson Manzini, preso recolhido na Penitenciária 1 de Avaré, um dos fortes redutos do PCC.
Na casa da mulher de Manzini, os agentes também encontraram dispositivos eletrônicos e várias cartas escritas pelo preso. Nas correspondências, havia nomes de diversos integrantes do PCC presos e em liberdade. Todos foram identificados.
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Quero receberUm dos alvos movimentou R$ 100 milhões
De acordo com a Polícia Civil, os 20 suspeitos que tiveram a prisão temporária de 30 dias decretada eram interlocutores da mulher de Manzini e montaram "um esquema estruturado para o branqueamento de valores oriundos de diversos crimes, especialmente o tráfico de drogas."
Apenas a família de um dos alvos - diz a polícia - dona de uma rede de restaurantes em Mogi das Cruzes e em Palmas, no Tocantins, movimentou ao menos R$ 100 milhões.
A Polícia Civil de Mogi das Cruzes diz ter identificado um projeto de infiltração de integrantes do PCC em eleições municipais e que a mulher de um dos suspeitos que teve a prisão decretada também planejava se candidatar ao cargo de vereadora na Grande São Paulo.
O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) representou, no último dia 20, pela prorrogação da prisão temporária dos acusados por mais 30 dias. Até a noite de sexta-feira (30), a Justiça não havia analisado o pedido.
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