'Desprezou' o direito conquistado, disse juíza ao mandar prender Deolane
A juíza Andrea Calado da Cruz, que mandou prender novamente Deolane Bezerra, afirmou na terça-feira (10) que a influenciadora "desprezou" o direito conquistado após a revogação da prisão preventiva dela.
Na decisão, obtida pela coluna, a magistrada também declarou que Deolane "fez seu destino decidindo ignorar" as medidas cautelares impostas para a liberdade provisória dela. Ainda na segunda-feira (9), a empresária se manifestou diante da imprensa logo após deixar a prisão e publicou uma foto amordaçada nas redes sociais.
A juíza ainda acrescentou que, apesar de afirmar ser vítima de abuso de autoridade, sem apresentar provas, a empresária "claramente busca obstruir a Justiça".
Para Cruz, as alegações da influenciadora e suas manifestações públicas podem "incitar apoio popular e criar um ambiente de pressão sobre instituições judiciais, o que pode prejudicar o caminhar do processo". A juíza acrescentou que a garantia da ordem pública é essencial para o andamento do processo judicial "sem a influência de campanhas de mobilização ou de desinformação".
Ela também escreveu que nenhuma nova medida cautelar seria eficaz visto que a influencer "ignorou" às determinações anteriores. Acrescentou ainda que a volta da empresária ao cárcere seria necessária, visto que a investigada "não é uma pessoa comum e que sua influência é significativa dado o seu alcance com mais de 21 milhões de seguidores nas redes sociais".
É evidente que a sua intenção é mobilizar a opinião pública a seu favor, numa planejada estratégia planejada para pressionar o sistema judicial e desviar a atenção dos fatos reais do processo. A garantia da ordem pública é de extrema importância. Dada a sua grande influência nas redes sociais e o impacto que suas declarações podem ter na percepção pública e na integridade do processo judicial, é essencial assegurar que o andamento do caso ocorra sem interferências externas que possam comprometer a justiça. Não se pode olvidar que a investigada possui a capacidade significativa de moldar a opinião pública.
Andrea Calado da Cruz, em decisão
Após a nova prisão, Deolane foi levada para a Colônia Penal Feminina de Buíque, no sertão de Pernambuco. A determinação para a ida a uma unidade prisional diferente foi da juíza, que argumentou que a ação visaria "resguardar a paz pública" e manutenção da ordem social.
"A escolha pela Colônia se deve ao fato de que, por estar situada no interior, oferece condições que podem contribuir para a estabilidade da situação e para o bom andamento do processo, longe da influência direta e intensa de centros urbanos."
Ao UOL, a Seap-PE (Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco) informou que a influenciadora está "em uma cela reservada para resguardar a sua integridade física".
À Justiça, a defesa de Deolane falou que "não há elementos nos autos que indiquem que a liberdade dela representaria um risco concreto e atual à sociedade", também não havendo "qualquer indício de que ela poderia se furtar à aplicação da lei penal". "A paciente é advogada, inscrita na OAB, possui residência fixa e não há elementos que indiquem risco de fuga", argumentou.
Decisão de desembargador reforça argumentos de juíza
Nesta quarta-feira (11), o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, da 4ª Câmara Criminal, negou o novo pedido de habeas corpus da defesa da empresária. Em ambas as decisões, a juíza e o desembargador citam o descumprimento das medidas cautelares.
Segundo o Jornal do Comércio, que teve acesso à decisão do desembargador, ele também citou que a publicação da influenciadora incitaria os milhões de seguidores dela contra a investigação em curso.
Maranhão ainda declarou a Justiça brasileira teve cuidado com a filha de Deolane, de 8 anos, ao conceder o benefício da prisão domiciliar para ficar com a criança. Ressaltou ainda que ela não teve o mesmo "cuidado" e ainda elogiou Cruz por "agir acertadamente quando decretou a prisão preventiva" novamente.
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