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Leonardo Sakamoto

Indicação de Tatto racha PT e surge apoio à candidatura de Boulos em SP

Alice Vergueiro/Estadão Conteúdo
Imagem: Alice Vergueiro/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

18/05/2020 17h39

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Após o Partido dos Trabalhadores escolher Jilmar Tatto para a disputa da Prefeitura de São Paulo, neste sábado (16), um grupo de parlamentares e lideranças petistas insatisfeito com a decisão passou a defender internamente que o partido abra mão de ter candidato próprio e apoie uma candidatura de Guilherme Boulos (PSOL).

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) está buscando a indicação de seu partido, que ainda não escolheu o nome. Concorrem também a deputada federal Sâmia Bomfim e o deputado estadual Carlos Giannazi.

A coluna ouviu de membros do partido, incluindo fundadores, que apesar de Tatto, ex-deputado federal e ex-secretário de Transportes de São Paulo, ser um quadro importante e capaz, sua candidatura não seria agregadora do campo progressista neste momento. E que a capital paulista precisaria disso porque é peça-chave para resistência ao que um deles chamou de "desejos autoritários do presidente da República".

Citam que, caso seja escolhida pelo PSOL, a chapa Guilherme Boulos - Luiza Erundina teria potencial de votos junto à militância, podendo apresentar melhor desempenho do que o PT. Por causa da presença do MTST nas periferias da cidade e do recall de Erundina. A deputada federal e ex-prefeita de São Paulo, que havia afirmado que iria se aposentar em entrevista a esta coluna, em dezembro do ano passado, teria aberto uma exceção para ser vice de Boulos.

Um dos defensores a ideia aponta que ela não é fora do prumo, uma vez que estava sendo costurado um apoio do Partido dos Trabalhadores em torno de Marcelo Freixo (PSOL), no Rio de Janeiro. O deputado federal carioca acabou desistindo da candidatura, mas afirmou que o PT agiu como parceiro no processo.

Por outro lado, Jilmar Tatto é de uma família de políticos com forte influência na periferia da Zona Sul de São Paulo, principalmente na região da Capela do Socorro, Grajaú, Cidade Dutra - uma das maiores concentrações de votos da capital. Esse enclave eleitoral é tão coeso que é chamado por adversários de "Tattolândia".

Marta Suplicy, com quem sempre tiveram boa relação, teve grande quantidade de votos petistas nessa região durante a disputa municipal de 2016, quando ela estava no MDB. O pré-candidato do PT também conta com aliados com influência em outras periferias da cidade.

Outro membro do partido diz que prévias deveriam ser realizadas envolvendo todos os partidos do campo progressista, em São Paulo, de forma a apontar um nome único para concorrer à Prefeitura.

Além da política interna de cada partido, um dos maiores entraves apontado é o fim da coligação para as Câmaras Municipais a partir deste ano. Com isso, partidos devem lançar mais candidatos próprios às prefeituras, mesmo sem chance de vitória, de forma a ajudar a puxar votos para a sua legenda no Legislativo. Se por um lado, isso é apontado como uma forma de garantir que legendas de aluguel não sejam alçadas para os parlamentos em troca de seu tempo de rádio e TV, por outro pulveriza candidaturas ao Executivo.

Lula via com bons olhos uma candidatura de Fernando Haddad na eleição municipal, mas o ex-prefeito de São Paulo e candidato derrotado à Presidência da República não desejava a tarefa, preferindo continuar sua atuação em nível nacional. O ex-presidente não impôs candidato, mas continua sendo o grande eleitor do PT.

Jilmar Tatto venceu o deputado federal e médico infectologista Alexandre Padilha para concorrer à Prefeitura por 312 a 297 votos entre os delegados do partido. Após a escolha, houve críticas em grupos de WhatsApp envolvendo a militância de base, com descontentamento e apoio explícito ao pré-candidato do PSOL.