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Leonardo Sakamoto

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Tuíte de Janones é maior novidade política na eleição desde a saída de Moro

Colunista do UOL

30/07/2022 09h12

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André Janones (Avante) declarou, nesta sexta (29), que pode retirar sua candidatura para apoiar Lula no primeiro turno. A novidade para a eleição presidencial, que seria a maior desde a saída do ex-juiz Sergio Moro, não está apenas na transferência de votos, mas na transparência de uma movimentação que ajuda o petista em sua cruzada por tentar liquidar a fatura em 2 de outubro.

Janones registra entre 1% e 3%, dependendo do instituto, e Lula seria o principal beneficiário de sua desistência, segundo o Datafolha, Mas também de sua força junto ao público que o segue. O deputado federal ganhou projeção nacional na greve dos caminhoneiros de 2018 e é maior que o petista no Facebook.

Ele conta com 8 milhões de seguidores nessa rede desprezada por jornalistas e por formadores de opinião, mas que é uma fonte de informação para uma parte do público adulto. Para efeito de comparação, por lá, o petista tem 4,9 milhões e Bolsonaro, 14 milhões.

Nesta sexta, Janones tuitou: "Bolsonaro me bloqueou, Ciro não aceitou encontrar comigo, Tebet ignorou por completo minha existência, enquanto aquele que lidera as pesquisas pediu publicamente pra conversar comigo. Humildade e democracia andam lado a lado. Convite aceito. Vamos conversar, Lula". A postagem já conta com mais de 70,5 mil curtidas e 8 mil comentários.

A coluna falou com duas pessoas do núcleo da campanha de Lula que elogiaram Janones na sabatina em que participou na GloboNews e a forma como está conduzindo a aproximação. Lula falou com ele por telefone nesta sexta, de Brasília onde ele estava para a convenção do PSB que oficializou sua chapa com Alckmin. Se tudo caminhar bem, um apoio pode se tornar público já na próxima semana.

Ao jornal O Estado de S.Paulo, Janones fez uma análise rara aos candidatos que seguem distantes de Lula e Bolsonaro. "A minha baixa pontuação para Presidência é porque as pessoas não querem outra opção neste momento. Admito que não consegui romper a polarização. Tenho mais de 10% do eleitorado do país nas minhas redes, mas não tenho 10% nas pesquisas de intenção de voto", afirmou. E confirmou que está disposto a desistir a favor de Lula.

E apesar de o líder petista ser acusado de "salto alto" por parte dos analistas, o deputado fez essa avaliação sobre a chamada terceira via.

"Simone nunca me procurou por conta da arrogância e da prepotência. Simone precisa ter humildade. Ela chegou a oferecer para o Ciro ser vice dela. É uma de uma prepotência gigantesca. Ela acha que as pessoas têm que compor com uma candidatura de 2%. Esse é o meu diferencial: eu sei o meu tamanho no xadrez eleitoral. Essas pessoas não sabem", afirmou.

A senadora do MDB está em uma batalha interna com uma ala de seu partido, principalmente caciques do Nordeste, que querem apoiar Lula oficialmente já no primeiro turno.

Diante da postagem original do candidato do Avante, o deputado Roberto Freire, presidente do Cidadania, que apoia Simon Tebet junto com o PSDB, publicou: "Desculpe Janones, mas Simone não lhe procurou em respeito a sua candidatura, numa atitude diversa daquele que o faz apenas pra que você retire a sua candidatura para apoia-lo. Você conhece as tentativas de Lula contra a candidatura de Simone no MDB e nas redes contra Ciro."

Mais tarde, Janones voltou ao Twitter para questionar se o país desaprendeu a fazer política diante do pragmatismo: "Não quero cargos, nem mesmo ministérios. Quero que minhas propostas sejam encapadas por alguém que tenha mais chances no pleito. A eleição não é sobre os candidatos, mas sobre as bandeiras". Disse que Lula o procurou para falar de projetos para o país.

Ele defende que o Auxílio Brasil seja mantido em R$ 600 no ano que vem, que os nomes que estão no CadÚnico que ainda não o recebem possam também ser beneficiados, bem como as mães solo. Se as propostas foram encampadas pela coligação liderada pelo PT, ele concorrerá à reeleição na Câmara dos Deputados.

Quando Sergio Moro foi desistido da corrida presidencial ao trocar o Podemos pelo União Brasil, a maioria de seus pontos migraram para o presidente Jair Bolsonaro.

Foi a última grande mudança no cenário, desde então a situação permanece em compasso de espera inclusive nas pesquisas - seja por novidades políticas, seja para ver o impacto da PEC da Compra de Votos (o extra de R$ 200, a inclusão de 2 milhões de famílias no Auxílio Brasil e o aumento do vale-gás), além do início da campanha propriamente dita.