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Leonardo Sakamoto

REPORTAGEM

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Maioria dos eleitores de Bolsonaro acredita em chance de fraude nas urnas

Bolsonaro ao lado da urna eletrônica na votação do segundo turno da eleição presidencial de 2018  - Tania Rego/ABr
Bolsonaro ao lado da urna eletrônica na votação do segundo turno da eleição presidencial de 2018 Imagem: Tania Rego/ABr

Colunista do UOL

03/09/2022 15h59

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Entre os que pretendem votar em Jair Bolsonaro (PL), 62% acreditam na possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas. Em situação oposta, 73% dos eleitores de Lula (PT), 76% dos que preferem Ciro Gomes (PDT) e 74% dos que optaram por Simone Tebet (MDB) não creem que isso possa acontecer.

Os números fazem parte do Termômetro da Campanha, divulgado neste sábado (3), pelo Ipespe em parceria com a Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel). Eles perguntaram se os entrevistados acreditavam em notícias sobre a chance de ocorrer fraude nas urnas. Na média do eleitorado, 60% disseram que não, enquanto 40% afirmaram que sim.

Questionados se haviam recebido notícias sobre a possibilidade de fraude antes da pesquisa, 73% dos eleitores de Lula, 69% dos de Bolsonaro e 78% dos de Ciro e Tebet disseram que não.

Por mais que a margem de erro das respostas de cada candidato ser maior que os 3% da média da pesquisa por se tratar de amostras menores, ainda assim há uma inversão no comportamento do eleitorado do presidente em relação ao dos demais candidatos.

Bolsonaro vem fazendo uma campanha contra o sistema eletrônico de votação, acusando-o de fraude, apesar de nunca ter apresentado provas disso.

Nos EUA, mentiras de Trump sobre fraude levaram à invasão do Congresso

Nos Estados Unidos, o então presidente Donald Trump atacou o sistema eleitoral, acusando-o de fraude. Lá, ao contrário do que acontece no Brasil, boa parte da votação é feita através de cédulas de papel. A desconfiança plantada pelo republicano empurrou milhares de seus seguidores a invadir o Congresso em 6 de janeiro de 2021, ação que terminou com cinco mortos e feridos.

Quase um ano depois, uma pesquisa da Universidade de Massachusetts Amherst e do Instituto YouGov apontou que 22% dos eleitores acreditavam que a vitória de Joe Biden havia sido certamente ilegítima e 11% provavelmente ilegítima, enquanto 46% apontavam que ela foi com certeza legítima e 12% provavelmente legítima.

Dentre os republicanos, ou seja, 71% desconfiavam da legitimidade da eleição de Biden. Donald Trump conseguiu, dessa forma, plantar a dúvida sobre o sistema eleitoral de seu país, fraturando uma de suas mais antigas instituições junto àqueles que votaram nele. Garantiu, a um custo altíssimo para a República, um terreno político adubado para manter seus seguidores e se candidatar novamente em 2024.

Dos eleitores de Bolsonaro, 41% acreditam na chance de alguém fechar igrejas

Em outra pergunta, o levantamento Ipespe/Abrapel questionou se os entrevistados acreditavam em notícias que tratavam da possibilidade de que algum candidato, se eleito, fechar igrejas.

A maioria dos eleitores dos quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto afirmou não acreditar nisso.

Mas enquanto uma quantidade muito pequena dos que votam em Lula (11%), em Ciro (5%) e em Tebet (16%) creem nessa possibilidade, entre os eleitores de Bolsonaro esse número não é desprezível: 41%.

Na média dos entrevistados, 78% afirmam não acreditar nas notícias que falam dessa possibilidade e 22%, acreditam. Tanto nesta questão quanto na outra, sobre fraudes nas urnas, a opinião dos eleitores de Bolsonaro acaba elevando a média geral da posição baseada em desinformação.

A pesquisa aponta que 79% do eleitorado de Lula, 71% do de Bolsonaro e Ciro e 76% do de Tebet haviam recebido notícias sobre a possibilidade de que algum candidato fecharia igrejas.

Aliados do presidente vêm difundindo a mentira de que Lula fechará igrejas

Apoiadores e aliados de Jair Bolsonaro vêm difundindo a mentira de que, uma vez eleito, o ex-presidente Lula faria com que igrejas evangélicas fossem fechadas. O principal nome por trás disso é o deputado federal e pastor Marco Feliciano (PL-SP).

Em 16 de agosto, primeiro dia oficial de campanha, o próprio Bolsonaro reforçou a mentira em suas redes sociais a fim de evitar que garantir votos do eleitorado evangélico:

"É preciso estar atento. A partir de hoje, mais do que nunca, os que amam o vermelho passarão a usar verde e a amarelo, os que perseguiram e defenderam fechar igrejas se julgarão grandes cristãos, os que apoiam e louvam ditaduras socialistas se dirão defensores da democracia", escreveu

A pesquisa Ipespe/Abrapel aponta Lula com 44%, Bolsonaro, 35%, Ciro, 9%, e Tebet 5%, na pesquisa estimulada. Entre as mulheres, o petista tem uma vantagem de 49% a 39% sobre o atual presidente, enquanto que, junto aos homens, Bolsonaro é preferido por 41%, enquanto Lula é apontados por 29%.