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Leonardo Sakamoto

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mensagem de PM reforça que tentativa de golpe bolsonarista foi premeditada

Colunista do UOL

23/05/2023 12h42Atualizada em 23/05/2023 15h50

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"Na primeira manifestação, é só deixar invadir o Congresso." A mensagem enviada por Flávio Alencar, major da Polícia Militar do Distrito Federal, a um grupo de oficiais no final de 2022, não era uma brincadeira como bolsonaristas estão tentando fazer crer nas redes sociais. Era um aviso.

Ele já havia aparecido em imagens feitas pela Polícia Judicial do Supremo Tribunal Federal, no dia 8 de janeiro, ordenando que policiais deixassem a grade de proteção que impedia que a turba de golpistas avançasse sobre o STF. Ele comandava naquele dia o 6° Batalhão da Polícia Militar do DF, responsável pela área das sedes dos Três Poderes. Por conta disso, Alencar chegou a ser preso em fevereiro.

O comportamento do major contrastou com o de alguns policiais que, de forma heroica, tentaram conter praticamente sozinhos os avanços da turba.

Agora, com a descoberta das mensagens, a Polícia Federal o prendeu novamente na 12ª fase da operação Lesa Pátria realizada nesta terça (23). Isso demonstra premeditação e fornece elementos para indiciar o policial por crimes como organização criminosa e golpe de Estado. A informação sobre as mensagens foi trazida a público pelo G1.

Isso também piora a vida de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, que passou quase quatro meses na prisão por decisão do ministro Alexandre de Moraes.

Torres mudou a estrutura do policiamento da Esplanada dos Ministérios e viajou aos Estados Unidos, onde Jair Bolsonaro curtia seu autoexílio próximo à Disney. A polícia, por conta disso, não foi capaz de conter os golpistas que perpetraram ações terroristas contra o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal.

Depois, a PF ainda encontrou uma minuta de golpe de Estado na casa de Torres, que daria plenos poderes às Forças Armadas a fim de intervir no Tribunal Superior Eleitoral e melar a vitória de Lula.

Abundam evidência de que membros das forças de segurança pública, policiais e militares, apoiaram a tentativa de golpe. Por ação ou omissão. E se não forem devidamente punidos, eles permanecerão gestando o próximo ataque à democracia sendo remunerados pelo contribuinte.

É, portanto, no mínimo curioso que o presidente da CPI do Golpe, o deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), avalie que a função da comissão é entender se houve tentativa de golpe. Tentativa, está claro que houve. A grande dúvida é por que seus arquitetos ainda estão soltos.