Leonardo Sakamoto

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Opinião

Governo Lula 'viciou' Mauro Cid com segredos, daí cortou o fornecimento

Quando o governo Lula bloqueou o acesso de Mauro Cid ao seu antigo e-mail da Presidência da República, 73 dias após o assessor para assuntos golpistas de Bolsonaro deixar o cargo, ele tentou entrar 99 vezes até entender que não ia rolar mais a moleza.

O comportamento, de um ansioso stalker bloqueado da rede social de sua presa, pode ser explicado pelo fato de o tenente-coronel estar recebendo informações sigilosas sobre a segurança pessoal de Lula mesmo após sair do governo.

Por quê? Uma boa pergunta para ser respondida pelo Gabinete de Segurança Institucional, QUE MANTEVE UM DOS PRINCIPAIS ASSESSORES DO GOLPISTA RECEBENDO MENSAGENS SOBRE A SEGURANÇA PESSOAL DO GOLPEADO, e a Casa Civil, que não desligou o e-mail do rapaz.

O governo se justifica acusando excesso de trabalho. Incompetência, má fé, dá no mesmo. Diante do absurdo da história, uma dúvida: por que o GSI não mandou uma newsletter para o Jair de uma vez?

A gestão Lula informou à CPMI dos Atos Golpistas que Cidão tinha acessado seu e-mail funcional mais de 500 vezes em 2023, quando Jair já tinha deixado a Presidência da República. Isso dá quase sete vezes por dia, o que mostra jornadas intensas de trabalho. Em nome de quem e a troco de quê é a pergunta.

Fosse um funcionário público exemplar, teria ele próprio avisado da falha. Mas estamos falando do caixa eletrônico de Michelle Bolsonaro, do hacker de cartão de vacina, do SAC de oficiais golpistas do Exército, do camelô de Rolex, do ajudante de ordens contra urnas eletrônicas. Alguém que confirma que é de onde não se espera nada que não vem nada mesmo.

Mas até a fonte secar, esse vazamento colocou a vida de Lula em risco. Quantos outros assessores de Jair, que haviam deixado o governo, receberam informações sobre as equipes que fazem a segurança do petista?

O presidente pode soltar suas bravatas dizendo que "cão que ladra não morde", diante de ameaças de um extremista que disse que iria atirar em sua barriga no Pará, porque sabe que conta com profissionais altamente treinados que zelam por ele.

Para esses policiais trabalharem a contento, contudo, precisam saber que contam com sigilo - coisa que não existia nos primeiros três meses após a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro.

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A Polícia Federal precisa responder se Cidão repassou informações de segurança para alguém. A América do Sul, que mata candidato à Presidência no Equador à luz do dia, tal como matou a vereadora Marielle Franco na calada da noite, não está para brincadeira.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL