Datafolha traz notícia boa para Ricardo Nunes. E o culpado é Pablo Marçal
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Quando entrou na disputa em São Paulo, Pablo Marçal cresceu em cima da intenção de votos de Ricardo Nunes, roubando votos bolsonaristas. Mas a pesquisa Datafolha, divulgada nesta sexta (5), pode ter trazido uma boa notícia ao prefeito, uma vez que Marçal também pode vir a herdar a rejeição ao bolsonarismo - que é forte na capital.
A rejeição a Marçal subiu quatro pontos percentuais entre a pesquisa no final de maio, indo de 25% para 29%, acima da margem de erro de três pontos. Claro que, no momento em que se torna pré-candidato, ganha evidência política e histórias negativas começam a circular. Mas foi o único com essa intensidade de movimento, o que pode indicar que o eleitorado paulistano está identificando-o com o bolsonarismo, para bem e para mal.
Nesta quinta, tivemos um exemplo disso, quando Marçal mentiu ao falar sobre a morte do pai de Tábata Amaral. Em entrevista para um podcast IstoÉ, ele disse que a deputada abandonou o próprio pai no Brasil para viajar aos Estados Unidos e deixou ele morrer - o que não é verdade, ela estava no país.
O eleitorado bolsonarista-raiz percebe esse tipo de tática como algo familiar e se aproxima dele. Mas o naco democrata demonstra ojeriza por conta desse tipo de estratégia.
Ter um candidato agindo conforme a cartilha bolsonarista, ironicamente, pode ser bom para Nunes - que, temendo a alta rejeição a Jair na capital paulista, demorou a abraçar o ex-presidente. Ele queria o piso de votos do bolsonarismo, não o teto.
No final das contas, pode colar o discurso de que, na prática, Bolsonaro até apoia Nunes, por necessidades políticas, mas bolsonarista mesmo é o Marçal e não o prefeito. Isso tem o potencial de reduzir o impacto negativo de ser associado como "o candidato do Jair".
Até porque eventuais votos que Nunes perca para Marçal no primeiro turno, voltarão no segundo.
A questão é se isso é apenas coincidência ou Marçal e Nunes se acertaram, intermediados pelo ex-presidente. Marçal, caso não viabilize sua candidatura, pode ser o "boi de piranha" de Nunes e, no limite, um guerreiro da direita atacando adversários do centro e da esquerda?