Leonardo Sakamoto

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Opinião

Deputado bolsonarista ataca Marielle para promover sua candidatura em Belém

O ataque do deputado federal Éder Mauro (PL-PA) a Marielle Franco, vereadora cuja execução completa seis anos nesta quinta (14), é mais um capítulo da tática bolsonarista de usar o grotesco, o bizarro e o surreal no Congresso Nacional para chamar a atenção e se promover eleitoralmente. Segue, dessa forma, os passos dados pelo próprio Jair Bolsonaro, que usou o grotesco, o bizarro e o surreal para deixar de ser deputado federal e virar presidente.

Ao gritar "Marielle Franco acabou, porra. Não tem porra nenhuma aqui", nesta quarta (14), em uma sessão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara", Éder Mauro, que é pré-candidato à Prefeitura de Belém, queria chamar para si a atenção da imprensa e das redes sociais. Da mesma forma, que Bolsonaro capturava os holofotes ao dizer que uma deputada seria tão feia que não mereceria ser estuprada ou chamando indígenas de fedorentos.

Mauro aparece em primeiro lugar no levantamento do Paraná Pesquisas, divulgado também nesta quarta, com 26% das intenções de voto, seguido por Cássio Andrade (PSB) e Jose Priante (MDB), com 12,8%, cada, e pelo atual prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), com 11,1%.

Uns dos parlamentares da Bancada da Bala, ele copia à risca o comportamento do "mito", com xingamentos e ataques agressivos. Admitiu que, como policial, tem várias mortes nas costas. Na CPMI dos Atos Golpistas, apesar de não ter sido membro efetivo, aparecia para atrapalhar a condução dos trabalhos.

Outro que também se tornou figurinha conhecida na CPMI e adota a mesma tática é o deputado federal Abilio Brunini (PL-MT). Por exemplo, em uma das sessões da comissão, ele fez um gesto interpretado como supremacista branco, provocando confusão. Eem outra, foi acusado de promover transfobia. Advertido sistematicamente pela presidência da CPMI, ele dava de ombros. O objetivo era aparecer na mídia e produzir material para as redes sociais bolsonaristas.

Brunini também é pré-candidato, mas à Prefeitura de Cuiabá. Ora ele aparece em primeiro, ora em segundo nas pesquisas de intenção de voto.

Para uma camada da sociedade que defende o respeito aos direitos humanos, as declarações de Mauro e Brunini merecem ser denunciados amplamente. Contudo, para outra camada o que importa é quem está em evidência, quem é famoso, quem é conhecido. Uma vez nos holofotes da mídia, o discurso de Éder Mauro acaba conseguindo votos entre aqueles que estão cansados da violência e são presas fáceis para um discurso simplista de que matar é a solução.

Isso se coloca como um desafio ao naco racional da sociedade: como criticar as declarações violentas de deputados, mas não dar a eles o palanque midiático que tanto querem para alçar voos políticos? Enquanto isso, o grotesco, o bizarro e o surreal continuam tendo sucesso.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL