Leonardo Sakamoto

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Reportagem

Maioria da esquerda brasileira crê que Maduro perdeu eleição, diz pesquisa

Dos brasileiros que se identificam à esquerda no espectro político, 62% acreditam que Nicolás Maduro teve menos votos que o opositor Edmundo Gonzáles na eleição presidencial venezuelana em 28 de julho. Mesma opinião de 64% daqueles que se colocam no centro político e 77% dos que se veem à direita. No total, 63% dizem que Maduro perdeu.

Os dados são de pesquisa Vox Populi encomendada pela Action for Democracy. A margem de erro é de 2,5 pontos e a pesquisa foi realizada entre 10 e 15 de agosto de forma presencial em todo o país. No Brasil, a organização internacional contribuiu para denunciar os ataques do então presidente Jair Bolsonaro às instituições democráticas e ao processo eleitoral.

Maduro, que conta com o apoio do Exército, afirma que ganhou a eleição, mas se nega a mostrar as atas eleitorais que provariam o resultado. Brasil e Colômbia, que ainda não reconheceram a reeleição, articulam um diálogo entre governo e oposição. Protestos têm sido reprimidos com violência. No último lance, o Tribunal Supremo de Justiça, ligado a Maduro, respaldou a sua vitória — o que gerou críticas internacionais.

Questionados pelo Vox Populi se o presidente Lula deveria apoiar Maduro por ele ser um líder que se coloca à esquerda e de origem popular, 76% dos que se afirmaram à esquerda, 79% daqueles ao centro e 81% dos da direita dizem que não.

Ao mesmo tempo, não acreditam nos argumentos dados pelo governo venezuelano para justificar sua vitória eleitoral 73%, 75% e 79% dos que se dizem, respectivamente, à esquerda, ao centro e à direita.

"A fraude nas eleições da Venezuela é percebida por todos os segmentos políticos dentre os brasileiros. É uma falácia imaginar que as pessoas que se consideram de esquerda aceitem que a vontade popular seja deturpada", afirmou à coluna Fernando Neisser, professor de direito eleitoral da FGV-SP e porta voz da pesquisa no Brasil.

Maioria ficará desapontada se Lula não pressionar Maduro

A pesquisa também aponta que 71% dos entrevistados afirmam ser muito importante Lula trabalhar com outros líderes latino-americanos para garantir que a democracia e a verdadeira escolha dos venezuelanos sejam respeitadas, enquanto 12% acham ser pouco importante e 12% que isso não é importante.

No total, 52% apoiariam totalmente Lula caso ele assuma uma posição forte para pressionar Maduro a respeitar o resultado eleitoral, enquanto 18% dizem que apoiariam um pouco essa posição, 7% se oporiam e 12% se oporiam totalmente a ela.

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Considerando a resposta por posicionamento político, 79% dos que se consideram à esquerda apoiariam Lula em uma pressão mais forte a Maduro e 14% se oporiam. No centro, são 71% que apoiariam e 19% se oporiam, e na direita, 74% e 18%, respectivamente.

Neisser avalia que "a posição tomada pelo governo brasileiro tem o apoio da maioria das pessoas, que consideram necessário exigir a apresentação das atas eleitorais e sua auditoria por especialistas independentes". Avalia que "golpe é golpe, independentemente de onde venha".

Quando os entrevistados foram perguntados se ficariam desapontados com Lula se a falta de pressão do Brasil facilitasse a permanência de Maduro, 33% dos que se afirmaram à esquerda disseram que ficariam muito desapontados, 23% um pouco desapontados, 32% não ficariam desapontados e 8% permaneceriam indiferentes.

Entre os que se colocam à direita, 54% ficariam muito desapontados, 11% um pouco desapontados, 18% não ficariam desapontados e 13% se manteriam indiferentes.

No total, 50% rejeitam um alinhamento ao governo dos Estados Unidos (que declarou que González foi o vencedor) na questão, afirmando que o Brasil deve fazer o que quiser. Outros 7% dizem que nosso país deve rejeitar o posicionamento do governo Joe Biden e 33% que deveríamos nos alinhar a ele.

Para 64% dos entrevistados, o Brasil deveria apoiar que evidências coletadas pela oposição fossem validadas por especialistas independentes .

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.