Letícia Casado

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Haddad cria plano de fundo de proteção a florestas para captar US$ 125 bi

Liderado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), o Brasil apresentou a um grupo de países uma proposta para criar um fundo internacional que remunere os países de floresta tropical que preservem a cobertura vegetal. O governo brasileiro trabalha com a perspectiva de captar US$ 125 bilhões (cerca de R$ 700 bilhões) para o fundo até a COP30, no fim do ano que vem, em Belém.

Batizada de TFFF (Tropical Forest Financing Facility), ou Fundo Florestas Tropicais para Sempre, a iniciativa foi apresentada no ano passado ao presidente Lula e está sendo discutida pela equipe do Brasil no G20 como um instrumento de pagamento de serviço ambiental. A diferença é que o fundo pretende pagar pela floresta em pé, e não como compensação por área desmatada, nos moldes do crédito de carbono.

A ideia é resolver a parte burocrática no início do próximo ano para que o fundo comece a captar recursos. A estimativa é arrecadar US$ 25 bilhões junto a governos para servir como garantia ao investidor privado, que teria confiança em investir no fundo, diz o subsecretário de assuntos econômicos e fiscais do Brasil, João Paulo de Resende. Segundo ele, é possível levantar os outros US$ 100 bilhões com investidores privados, que podem ser empresas ou entidades filantrópicas.

O objetivo é fazer com que o fundo seja autossuficiente e não dependa de doações, como o Fundo Amazônia, mantido pelo Brasil. Cerca de 12 a 15 países concordaram com a proposta, segundo os responsáveis pelo projeto.

Financiamento sustentável

O entendimento do Brasil é que os países precisam angariar mais recursos para combater as mudanças climáticas, que serão mais frequentes e intensas e que impactam principalmente as populações vulneráveis. O país definiu quatro focos principais para pautar as discussões: adaptação preventiva e emergencial frente a eventos climáticos extremos, pagamentos por serviços ecossistêmicos, preservação dos oceanos e economia circular.

"Precisamos de recursos do setor privado, não só do público", disse Ilan Goldfajn, presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em entrevista a jornalistas mais cedo nesta sexta. "Neste G20, há um chamado dos bancos multilaterais de não só fazer empréstimos, mas atrair recursos."

Ele voltou a dizer que o BID está comprometido a triplicar o financiamento para ações climáticas para US$ 150 bilhões nos próximos dez anos.

Outras questões relacionadas ao financiamento sustentável estão na pauta das reuniões do G20, como mercado de crédito de carbono, cadeias de suprimento de energia limpa e fundos climáticos multilaterais. Os temas também fazem parte de uma parceria entre Brasil e Estados Unidos, anunciada na manhã de hoje por Haddad e pela secretária do Tesouro americano, Janet Yellen.

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O G20 é um fórum multilateral com 19 países, União Europeia e União Africana, que representam dois terços da população mundial, cerca de 85% do PIB global e 75% do comércio internacional. O Brasil assumiu a presidência rotativa do grupo em 1º de dezembro de 2023 e permanecerá até 30 de novembro de 2024, quando a África do Sul assume o G20. As reuniões desta semana fazem parte de uma espécie de prévia para a cúpula, marcada para 18 e 19 de novembro no Rio.

Fundo brasileiro para investir em projetos na Amazônia

Os bancos públicos brasileiros também estão desenvolvendo um produto para que o investidor pessoa física possa investir na Amazônia. Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES, em parceria com o BID, anunciaram ontem a criação de um ETF (fundo de índice) para financiar projetos brasileiros sustentáveis, na Amazônia Legal.

Ainda não há data para que o produto comece a ser negociado na Bolsa de Valores. Os projetos vão ser selecionados, e o fundo vai apresentar relatórios que atestem os resultados dos investimentos. A ideia é vender cotas a R$ 100 e estimular a adesão do pequeno investidor, no estilo do que foi feito com o Tesouro Direto.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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