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Marco Antonio Villa

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Agir contra o nazifascismo bolsonarista antes que seja tarde

No Estádio Olímpico de Berlim, pessoas fazem saudação nazista durante cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 1936 - Schirner Sportfoto/picture alliance via Getty Images
No Estádio Olímpico de Berlim, pessoas fazem saudação nazista durante cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 1936 Imagem: Schirner Sportfoto/picture alliance via Getty Images

Colunista do UOL

09/02/2022 12h24Atualizada em 09/02/2022 16h34

Um dia a defesa despudorada do saque e confisco dos bens dos judeus para solucionar a crise econômica. No outro, a defesa da existência legal do Partido Nazista e da perseguição aos judeus. E, finalmente (?), no dia seguinte, a exibição da saudação nazista sem nenhum constrangimento —mais ainda, com orgulho. Quando as SA, as SS, a juventude nazista vão desfilar na avenida Paulista? É o que está faltando.

O extremismo bolsonarista banalizou o nazifascismo. São nazifascistas na prática, mas ainda —graças a Deus— não conseguiram sê-los na teoria, o que levaria a uma potencialização da ação com efeitos inimagináveis. Ainda bem que não conseguiram construir um partido, organizações de massa, produzir intelectuais orgânicos e construir uma visão de mundo com relativa unidade —vivem de frases soltas ao léu.

Estão avançando pois contam com o beneplácito de Jair Bolsonaro. O bolsonarismo é antissemita, homofóbico e racista. Bolsonaro já manifestou seu desprezo pela democracia inúmeras vezes. Age como Adolf Hitler que usou dos direitos garantidos pela Constituição de Weimar para destruir a democracia e instalar o totalitarismo na Alemanha. As limitações cognitivas de Bolsonaro agem, paradoxalmente, a favor da democracia, assim como sua pouca disposição ao trabalho e à organização dos seus fanáticos.

A pronta resposta das entidades judaicas deve ser louvada. O que causa estranheza é o silêncio do grande empresariado de origem judaica. Silenciam como se não pudessem ser atingidos pela fúria dos antissemistas bolsonaristas. Cabe também indagar se a identificação com Jair Bolsonaro se sobrepõe aos valores democráticos da Constituição. Uma leitura dos livros de Primo Levi poderia ajudá-los a deixar de lado o oportunismo criminoso.

A proliferação de armas em poder de grupos simpáticos a Bolsonaro potencializa o perigo de um confronto com o Estado Democrático de Direito. Abundam os símbolos, como o 88 —H é a oitava letra do alfabeto; HH significa Heil Hitler.

A Constituição e a lei 7.716/89 fornecem os instrumentos legais para a pronta ação contra os nazifascistas bolsonaristas. Interromper a propagação do extremismo —mais ainda em um ano eleitoral— é tarefa essencial, antes que seja tarde demais. O ovo da serpente está à vista de todos. Contemporizar poderá ter um alto custo à nossa democracia.