Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Villa: Eleição ou plebiscito?
Mais uma pesquisa eleitoral. E o resultado, no conjunto, é o mesmo. Lula lidera, e Jair Bolsonaro vem em segundo. A chamada terceira via fica bem distante dos dois primeiros. Tanto Ciro Gomes como Sérgio Moro não conseguem alcançar dois dígitos.
A suposta ameaça de Bolsonaro, de que poderia viabilizar a reeleição, não parece se constituir como fato eleitoral. Estancou próximo aos 25% e dali pouco irá avançar. Menos ainda com a disparada da inflação, dos preços dos combustíveis e das consequências da guerra na Ucrânia.
Não está entre as qualidades dos militares que acompanham Bolsonaro no Palácio do Planalto o domínio da estratégia. São aprendizes com pouca ou nenhuma sapiência na arte da política.
A tendência é a manutenção de Bolsonaro com um quarto do eleitorado e aponta para uma queda paulatina conforme o desempenho da economia, que, de acordo com os analistas econômicos, deve ter um resultado medíocre no PIB, isso se, mais uma vez, registrar recessão, algo próximo de menos 0,5%.
A incompetência de Bolsonaro e equipe deve aumentar com o agravamento do quadro econômico e político mundial. A necessidade de encontrar um lugar em uma nova ordem que está mudando rapidamente desde 24 de fevereiro demonstrará, mais uma vez, a falta de rumo de um país que ainda é uma das maiores economias do mundo.
Bolsonaro vai insistir que é a única alternativa a Lula. Deve desenhar um futuro de caos após a vitória do petista. A cada dia é mais difícil encontrar alguma verossimilhança neste cenário. A propensão é de que Lula se aproxime da centro-direita. Isto obrigará a manter um quadro anódino no campo programático, com promessas tímidas de mudança. Vai dar como garantia eleitoral seus oito anos de governo.
Lula e seus aliados devem também a todo momento inflar o potencial de votos de Bolsonaro. A ameaça de uma reeleição é tão nefasta ao país que pode se transformar no seu principal cabo eleitoral.
Desta forma, a despolitização programática poderá marcar as eleições. A possibilidade de mudança será o surgimento de uma efetiva alternativa à polarização. Para isso, a politização será essencial. Não será simplesmente um novo nome, um político com baixa rejeição, que mudará o quadro. Isso deverá ser facilmente desconstruído.
Só haverá terceira via quando os eleitores identificarem no candidato algum tipo de efetiva mudança - o que também terá reflexo na composição do novo Congresso Nacional. Sem politizar as eleições, rompendo a dicotomia que empobrece o debate, corremos o risco de mais uma eleição sem ideias, planos ou projetos. E, até o momento, tudo indica que isso possa ocorrer.
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