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Assessor escolhe veículos alinhados para questionar Bolsonaro em Petrópolis
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Entrevistas coletivas com autoridades exigem algum tipo de organização. Assessores normalmente fazem uma lista de inscrição e dão chance aos jornalistas que se interessaram em fazer perguntas dentro do tempo determinado para o evento.
Não foi bem isso que ocorreu nesta sexta-feira (18), em Petrópolis, antes da entrevista coletiva concedida pelo presidente Jair Bolsonaro, que visitou áreas atingidas pelas chuvas na cidade serrana.
Cerca de 40 profissionais da mídia (TVs, rádio, jornais e portais) estavam aguardando o início da coletiva em uma sala no 32º Batalhão de Infantaria Leve de Montanha. A certa altura, assessores da presidência começaram a procurar determinados jornalistas. "Quem está aí da CNN?". A pergunta se repetiu em relação a SBT, Record, Jovem Pan e Band (esta última não tinha repórter naquele local).
Os próprios repórteres dos veículos selecionados (Jovem Pan, Record, SBT e CNN) se surpreenderam com a abordagem. Eles não haviam procurado ninguém nem pedido qualquer privilégio.
O que estes veículos têm em comum? Os três primeiros são abertamente alinhados com Bolsonaro. Já o quarto é visto pelo governo como simpático.
Bolsonaro, como se sabe, prefere falar com aliados no cercadinho do Palácio do Alvorada do que com jornalistas. Em várias ocasiões já encerrou entrevistas abruptamente ou destratou repórteres por não gostar das perguntas feitas.
Um "causo" pessoal
Passei por uma situação semelhante em dezembro de 1991. Naquela data, os presidentes do Brasil e da Argentina, Fernando Collor e Carlos Menem, assinaram um acordo sobre controle de instalações nucleares na Agência Internacional de Energia Atômica, em Viena. Representando a Folha, eu estava entre os jornalistas que acompanharam o ato.
A assessoria do presidente do Brasil informou que apenas quatro jornalistas brasileiros, escolhidos por sorteio (que ninguém viu), poderiam fazer perguntas a Collor na entrevista coletiva - e as perguntas deveriam se limitar ao acordo assinado. Em um protesto silencioso contra o método de seleção e os termos, dois deles, os representantes da Gazeta Mercantil e da TV Globo, preferiram dirigir suas perguntas a Hans Blix, o sueco que presidia a AIEA.
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