Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Doc: Apesar do adiamento dos desfiles por causa da pandemia, "o samba cura"
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O economista Cláudio Considera estima que a não realização do Carnaval em 2021 por causa da pandemia de coronavírus significou uma perda de R$ 5,5 bilhões para a cidade do Rio de Janeiro. O valor representa 1,5% do PIB carioca. "O setor de serviços é a principal atividade econômica do Rio de Janeiro. É uma perda que não tem volta", diz.
O documentário "Chegou o Carnaval", que a GloboNews exibe neste domingo (17), às 23h, mostra o impacto real deste cancelamento. A decisão afetou o cotidiano de milhares de moradores de comunidades carentes, cujas vidas gravitam em torno das escolas de samba.
"Muita gente acha que uma escola de samba existe porque desfila. Quando a história das escolas de samba mostra uma outra coisa: as escolas de samba desfilam porque existem", diz o historiador Luiz Antônio Simas.
O depoimento de Simas reforça a ideia, como mostra o documentário, de que o desfile, com hora para começar e hora para terminar, é apenas a ponta mais visível do fenômeno social representado pelas escolas. Como alguém diz, "escola de samba não tem hora para começar e hora para terminar; escola de samba é o ano todo".
Sem ensaios, sem shows, sem desfile, a situação se tornou muito difícil para gente que depende do Carnaval para viver. Casagrande, mestre de bateria da Unidos da Tijuca, conta: "Eu tive amigos diretores de bateria e até ritmistas próximos a mim que não tinham nada. Me ligavam pedindo socorro porque não tinham dinheiro para comprar um botijão de gás. Eu tirava do meu bolso para dar a eles".
A transformação de muitas escolas de samba em postos de vacinação contra a covid é muito simbólica. "Com isso, a escola de samba mostra a sua importância de estar no meio da comunidade, porque ela tem essa relação com os outros atores sociais que estão no seu entorno", diz o jornalista Leonardo Bruno.
Para piorar, o Carnaval de 2022 quase foi cancelado também. O recrudescimento da pandemia em janeiro levou ao adiamento dos desfiles do Grupo Especial no Rio e em São Paulo. Em vez de ocorrer em fevereiro, como programado, foram transferidos para os dias 22 e 23 de abril.
Que venha então o desfile em abril. "Carnaval é o momento de desejar a vida. Desejar que a vida seja melhor, apesar das dificuldades, apesar de não ser tão boa", lembra Leandro Vieira, carnavalesco da Mangueira. "Vai ser o maior carnaval de todos os tempos, um carnaval que vai marcar a vitória da vida sobre a morte".
Com direção de Daniel Botelho, João Mariano, Pedro Umberto e Sandro Arieta, o ótimo "Chegou o Carnaval" homenageia vários artistas ligados ao mundo do samba que morreram entre 2020 e 21, como Laila, Monarco, Nelson Sargento, Elza Soares, Tantinho, Mestre Mug e Aldir Blanc.
Também dedica especial atenção, em inúmeros depoimentos, às pessoas que fazem o Carnaval. Num momento tocante, Selminha Sorriso, da Beija-Flor, ensina o seu ofício de porta-bandeira para um grupo de crianças. "O samba cura", diz Luzia Moreira Ferreira, uma baiana da Mocidade, de 75 anos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.