Raquel Landim

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Opinião

Lula sugere interferência no BC, dólar sobe e culpa não é dos cretinos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu uma interferência direta na autonomia do Banco Central, garantida pela Constituição, e, portanto, na capacidade da autoridade monetária, de combater a inflação.

Em entrevista ao rádio O Tempo, ele disse que "a taxa de juros de 10,5% é irreal para uma inflação 4%" e que "isso vai melhorar quando eu indicar o presidente (do Banco Central)". O mandato do atual presidente, Roberto Campos Neto, termina em dezembro.
O dólar imediatamente deu um salto e bateu R$ 5,58. E, dessa vez, a declaração -- de tão esdrúxula até para os padrões do presidente sobre esse tema -- pegou a todos de surpresa.

Desse jeito, nada adianta os diretores do BC votarem de forma unânime pela interrupção da queda da taxa de juros e fazerem uma ata dura e compromissada com o controle dos preços e com a importância da política fiscal.

Os arroubos retóricos do presidente esvaziam todo o efeito positivo, porque o mercado é feito de expectativas. Lula dá mais e mais sinais de que pretende pressionar muito o novo presidente do BC a se comportar com um novo Alexandre Tombini.

Para quem não lembra, Tombini deu um "cavalo de pau" nos juros porque era um promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff e comprometeu a credibilidade do BC. Favorito para o cargo, Gabriel Galípolo não tem dado mostra de querer ser um novo Tombini e tem habilidade política, capacidade técnica, mas está complicado conter Lula.

O presidente atira no pé do próprio governo sem parar. Dólar mais caro influencia no preço de todos os itens cotados em moeda americana no país, principalmente alimentos, logo, quem paga a conta são os pobres. E a culpa não é dos "cretinos".

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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