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Reinaldo Azevedo

Messer e a conversa que trata de propina a uma das estrelas da Lava Jato

Advogado Antônio Figueiredo Basto, que nega ter intermediado pagamento a autoridades para proteger Dario Messer - Agência Pública
Advogado Antônio Figueiredo Basto, que nega ter intermediado pagamento a autoridades para proteger Dario Messer Imagem: Agência Pública

Colunista do UOL

13/08/2020 07h32Atualizada em 13/08/2020 19h18

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Atenção! Em uma conversa por telefone com a sua namorada, Myra Athayde, Dario Messer revela que pagava propina ao procurador Januário Paludo, o decano na Lava Jato de Curitiba. Reproduzo trecho de reportagem do UOL. Volto em seguida:

O doleiro Dario Messer afirmou em mensagens trocadas com sua namorada, Myra Athayde, que pagou propinas mensais ao procurador da República Januário Paludo, integrante da força-tarefa da Lava Jato do Paraná. Os pagamentos estariam ligados a uma suposta proteção ao "doleiro dos doleiros" em investigações a respeito de suas atividades ilegais.

Os diálogos de Messer sobre a propina a Paludo ocorreram em agosto de 2018 e foram obtidos pela PF (Polícia Federal) do Rio de Janeiro durante as investigações que basearam a operação Patrón, última fase da Lava Jato do Rio.

Um relatório a respeito do conteúdo das mensagens foi elaborado pelo órgão em outubro. Nele, a PF diz que o assunto é grave e pede providências sobre o caso. A Lava Jato do Rio, procurada pelo UOL, informou que já enviou o relatório à PGR (Procuradoria-Geral da República), órgão que deverá definir as providências a serem tomadas. Também consultada pela reportagem, a força-tarefa de Curitiba afirma que Paludo preferiu não se manifestar.

Nas conversas obtidas pela PF, Messer fala a Myra sobre o andamento dos processos que responde. Ele diz que uma das testemunhas de acusação contra ele teria uma reunião com Januário Paludo. Depois, afirma à namorada: "Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês." Segundo a PF, os "meninos" citados por Messer são Claudio Fernando Barbosa de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira Barreto, o Juca. Ambos trabalharam com Messer em operações de lavagem de dinheiro investigadas pela Lava Jato do Rio. Depois que foram presos, viraram delatores.

Em depoimentos prestados em 2018 à Lava Jato no MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro), Juca e Tony afirmaram ter pago US$ 50 mil (cerca de R$ 200 mil) por mês ao advogado Antonio Figueiredo Basto em troca de proteção a Messer na PF e no Ministério Público. Basto já advogou para o doleiro.

Ao UOL, Basto já negou diversas vezes ter intermediado qualquer pagamento a autoridades em troca da proteção de Messer. "Isso nunca existiu", disse. "Desafio a qualquer um provar isso. Abro meu sigilo bancário e telefônico, abro o sigilo de minha família. Não provarão pois nunca existiu."

RETOMO
Não, a Lava Jato do Rio nada quis saber sobre o colega Januário Paludo. Que se saiba, nem mesmo teve a curiosidade de indagar o significado daquela conversa entre ele e sua namorada.

Já a lista entregue por Messer ao MPF, tudo na base do gogó, ah, meus caros! Essa, com certeza, vai render. Vem por aí muitos espetáculos com mandados de busca e apreensão, prisões temporárias, prisões preventivas... Uma farra!

E é possível que alguns Torquemadas de agora resolvam descobrir as virtudes do devido processo legal e do estado de direito... Afinal, a lista de Messer é bastante ecumênica.

Leiam mais sobre Januário Paludo aqui