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Reinaldo Azevedo

Decano da Lava Jato, acusado de propina, já testemunhou em favor de doleiro

Januário Paludo (dir.), junto com Deltan Dallagnol e Carlos Fernando. Decano da Lava Jato já testemunhou em favor do doleiro que faz agora o estranho acordo de delação premiada... - Divulgação/MPF
Januário Paludo (dir.), junto com Deltan Dallagnol e Carlos Fernando. Decano da Lava Jato já testemunhou em favor do doleiro que faz agora o estranho acordo de delação premiada... Imagem: Divulgação/MPF

Colunista do UOL

13/08/2020 07h32

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Januário Paludo nega, claro!, que tenha recebido propina de Dario Messer, embora a namorada do doleiro dê isso como fato sabido em conversa gravada pela PF sem seu conhecimento.

No dia 15 de fevereiro deste ano, o UOL publicou outra reportagem sobre as relações entre o procurador, uma espécie de guia espiritual da Lava Jato, e o doleiro Dario Messer. Reproduzo trecho:

O procurador regional da República Januário Paludo, membro da operação Lava Jato, testemunhou em favor do doleiro Dario Messer em 2011 num processo que tramita na Justiça Federal do Rio de Janeiro. Suspeito de ter recebido propina do próprio Messer, Paludo foi chamado a prestar depoimento por um advogado do doleiro. Aceitou e o inocentou em juízo. Tanto foi assim que o relato de Paludo é citado no pedido de absolvição de Messer encaminhado pela defesa do doleiro à Justiça neste mês.

O processo contra o doleiro tem relação com o caso Banestado. A acusação contra Messer dizia que ele teria movimentado três contas no exterior de forma ilegal. Duas já haviam sido investigadas por procuradores do Paraná, incluindo Paludo.

No depoimento, o procurador disse ter investigado o envolvimento de Messer no caso Banestado, entre 2003 e 2005. Ressaltou não ter encontrado provas contra o doleiro ou sua família. "Até a parte onde eu fui, não identificamos, em princípio, nenhuma ligação da família Messer", afirmou.

Mas Paludo não disse no depoimento que, em 2005, ele e seus colegas pediram na Justiça a prisão preventiva de Messer. A medida deve ser solicitada quando existem indícios suficientes para ligar um investigado a um crime.

O procurador ainda contou em seu testemunho ter trabalhado no acordo de delação premiada fechado com Clark Setton, outro doleiro. Em 2018, o MPF-PR (Ministério Público Federal do Paraná) pediu à Justiça a anulação do acordo pois identificou indícios de que Messer foi protegido em relatos do delator.

Paludo é um dos membros mais influentes da Lava Jato. Trabalha na operação desde seu início, em 2014, e é tido por colegas como um especialista em delações premiadas. Mensagens entre procuradores divulgadas pelo "The Intercept Brasil" foram enviadas em grupos nomeados "Filhos de Januário" em referência ao procurador.

Procurado pelo UOL, Paludo não quis se manifestar sobre seu depoimento nem sobre a investigação referente à suposta propina paga a ele.
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