Referência de Marçal para educação infantil defende castigo corporal
Durante sabatina no UOL, o candidato Pablo Marçal respondeu a uma pergunta da jornalista Fabíola Cidral específica sobre a temática sexualidade e crianças.
Fabíola pergunta a Marçal se ele achava importante "ter esse conteúdo de educação sexual nas escolas para reduzir a violência sexual contra crianças, inclusive dentro de casa".
Na sua resposta, o candidato, que usa como um "testemunho pessoal" a confissão de ter ficado "vinte anos preso na pornografia", diz que "na escola a gente não pode falar nada de erotização, ali não é ambiente para isso".
Pausa para uma observação importante. Fabíola não usa, em momento algum, o termo "erotização". Este é um termo pejorativo utilizado por muitos extremistas ultraconservadores, atribuindo ao que o campo progressista considera um debate sério e importante para as escolas.
Mas o ponto principal da resposta está aqui: "Na escola em que meus filhos estudam, que inclusive é minha, a gente, principalmente os pais, está lendo o livro 'Educando Meninos', do James Dobson. Os pais estão lendo e sendo transformados".
Quem é James Dobson? Um, assumidamente, fundamentalista cristão dos Estados Unidos, considerado um dos principais idealizadores da direita religiosa do país, e fundador de uma das mais antigas e maiores organizações fundamentalistas de lá, a Focus on the family.
Dobson ganhou fama nos meios evangélicos ao defender uma disciplina mais rigorosa com as crianças, incluindo o castigo corporal. Este é um tema central de um de seus mais famosos livros, de 1978, The Strong-Willed Child (numa tradução livre, "Crianças de Temperamento Forte").
Dobson é um líder atuante da agenda política contra a comunidade LGBTQIA+ nos Estados Unidos. Seu posicionamento pessoal e de sua organização são incisivos nos ataques contra a adoção de crianças por casais homoafetivos.
Com a fundação do Family Research Council, Dobson intensificou seu lobby político contra políticas educacionais que ele mesmo considerava que enfraqueciam a geração de homens da sociedade americana. Perseguiu pessoas gays e tentou barrar todas as políticas públicas que lhes garantiam direitos.
Ele também acusava a proposta da Emenda de Direitos Iguais, elaborada para garantir status igual para mulheres, que colocaria em risco o futuro das famílias e dos lares americanos.
Dobson foi um forte apoiador e fundamental para a vitória de Donald Trump em 2016 e, a despeito da relação de Trump com o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, ele está dobrando a aposta em Trump para 2024.
"Uma surra deve ser reservada para uso em resposta a um desafio intencional, sempre que ocorrer. Ponto final!".
Essa frase é literalmente de Dobson. E ela foi proferida como resposta a um psicólogo que considerou que bater numa criança deveria ser um último recurso. Dobson discorda disso.
A principal influência em educação de Pablo Marçal considera que a "surra!" deve ser o primeiro passo, ou, em outras palavras, surra deve ser comum e o principal método educacional para criar crianças fortes.
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