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Rubens Valente

Salles nomeia outro PM para chefiar unidade de proteção ambiental do Ibama

Área de desmatamento em Apuí (AM) é registrada em imagem aérea durante "Operação Área Verde", realizada pelo Ibama - Bruno Kelly/Reuters
Área de desmatamento em Apuí (AM) é registrada em imagem aérea durante 'Operação Área Verde', realizada pelo Ibama Imagem: Bruno Kelly/Reuters

Colunista do UOL

15/04/2020 09h00

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, nomeou nesta quarta-feira (15) como diretor de Proteção Ambiental do Ibama, em Brasília, um coronel da Polícia Militar de São Paulo, Olímpio Ferreira Magalhães. Até setembro passado, quando foi escolhido por Salles para a superintendência do Ibama em Manaus (AM), o policial não tinha histórico na área ambiental. Fora subcomandante da Rota, unidade de policiamento ostensivo da PM paulista, e chefe do COE (Comando de Operações Especiais).

Magalhães substitui outro PM paulista, o major Olivaldi Azevedo. Ele foi exonerado do cargo por Salles um dia depois de o programa Fantástico, da TV Globo, exibir neste domingo (12) uma reportagem sobre o combate aos garimpos ilegais em três terras indígenas no Pará.

A Diretoria de Proteção Ambiental é a responsável, entre outras atribuições, pelas operações de repressão a crimes ambientais, em especial na Amazônia. Abaixo dela estão a coordenação-geral de fiscalização ambiental e a coordenação de operações de fiscalização, que planejam e executam ações ostensivas no interior do país.

Antes de ser exonerado, Azevedo era considerado homem de confiança de Salles. Entre os fiscais ambientais, a impressão é que Azevedo não conseguir "segurar" a fiscalização, e por isso foi exonerado. A reportagem do Fantástico irritou a cúpula do governo. Antes e depois da campanha eleitoral de 2018, o presidente Jair Bolsonaro criticou ações de repressão do Ibama a crimes ambientais. Reclamava da destruição dos equipamentos, realizada pelas equipes do Ibama com base em um decreto de 2011.

A nomeação do novo diretor de Proteção Ambiental é acompanhada com atenção pelos fiscais ambientais, que temem, a partir de agora, novas demissões de servidores experientes que hoje ocupam cargos de chefia, o que poderá desestruturar ainda mais as operações de repressão a crimes ambientais, afetadas desde a posse de Bolsonaro.