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Bolsonaro não vai demitir os filhos, mas pode sobrar para Onyx Lorenzoni

O deputado Eduardo Bolsonaro e seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro, convenceram o pai a readmitir Vicnte Santini - Pedro Ladeira/Folhapress,
O deputado Eduardo Bolsonaro e seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro, convenceram o pai a readmitir Vicnte Santini Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress,

Colunista do UOL

30/01/2020 09h22

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Primeiro o presidente da República anunciou, ontem, que demitiria o ministro-interino da Casa Civil. Tratava-se do secretário-executivo do órgão, Vicente Santini, temporariamente no comando, já que o titular, Onyx Lorenzoni, estava de férias.

Bolsonaro explicou de viva voz que considera imoral o fato de seu auxiliar ter pego um avião da FAB para encontrar a comitiva presidencial na Índia neste final de semana.

"O que ele fez não é ilegal, mas é completamente imoral. Ministros antigos foram de avião comercial, classe econômica", disse.

Até aí, muito bem: o cargo subiu à cabeça do sujeito, ele resolveu fazer uma gastança pessoal com dinheiro público (um voo desses não sai por menos de R$ 700 mil) e está sendo punido.

O presidente telefonou para o ministro de férias e ambos decidiram nomear um novo interino até a volta de Onyx: Fernando Wandscheer de Moura Alves.

Mas eis que ontem mesmo, à noite, o Diário Oficial publicou ato assinado pelo novo secretário-executivo da Casa Civil nomeando Santini para um outro cargo no órgão. E com salário equivalente ao que ele tinha antes.

Decisão de quem? Do presidente da República a pedido de seus filhos. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), ambos amigos de Santini.

Pois é. Os filhos, novamente, protagonizando mais uma confusão no governo do pai.

Em nota, a Casa Civil comandada de fato por Onyx Lorenzoni jogou a decisão no colo de Bolsonaro: "O presidente e Vicente Santini conversaram e o presidente entendeu que Santini deve seguir colaborando com o governo".

Aliás, sabe-se agora que o assessor exonerado e readmitido ajudou muito na campanha presidencial. Conseguiu, inclusive, reforçar a segurança da mulher do candidato, a hoje primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Ao descobrir que foi descoberta a readmissão de Vicentini, Bolsonaro, então, volta atrás na decisão de voltar atrás quanto ao afastamento do funcionário. E anuncia, nesta manhã de quinta-feira, que o Diário Oficial irá exonerar novamente o ex-secretário-executivo, amigo de seus filhos e colaborador de campanha.

De quebra, no mesmo post no Twitter, o presidente declara que também tirará da Casa Civil -ou seja, do ministro Onyx Lorenzoni— a coordenação das Parcerias Públicas de Investimentos (PPIs), que voltarão ao Ministério da Economia.

Pois é, Onyx novamente. Mesmo de férias, no meio de mais uma batatada do governo. E sofrendo novo esvaziamento. Vale lembrar que ele já perdeu a função de coordenador político do governo com o Congresso.

O ministro-chefe da Casa Civil, ao que parece, entrou novamente na linha de tiro. Afinal, Bolsonaro não pode demitir os filhos.