Novo bloco nasce rachado na promessa de apoio ao governo

"Isso tem que ficar bem claro, nosso bloco é pela estabilidade e pela governabilidade. Para ajudar a pacificar o país e o governo montar sua base sólida na Câmara."

Quem disse isso foi o líder do PSB na Câmara, Felipe Carreras (PE), no anúncio da formação do maior bloco parlamentar da Câmara, reunindo entre 170 e 175 deputados de partidos tão heterogêneos como PP, União Brasil, Patriota, PSB, PDT, PSDB, Cidadania, Solidariedade e Avante.

Mas acredite se quiser.

A verdade é que o bloco não foi feito para ajudar o governo a "montar uma base sólida" para o Planalto na Câmara. Foi feito para demonstrar que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), ainda detém algum poder, embora não seja tão poderoso quanto queria ou quanto foi na época do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nesse sentido, é um bloco para arrancar mais espaço do governo, na disputa cm outras forças do Congresso, como a frente de partidos de esquerda liderada pelo PT, que tem 81 deputados, e o chamado blocão formado por MDB, PSD, Podemos, Republicanos e PSC (142 deputados).

Carreras é homem da confiança de Arthur Lira e deverá ser formalizado como o primeiro líder do novo bloco, cargo que será ocupado em revezamento pelos lideres dos partidos que o integram.

Sua promessa de apoio não foi compartilhada pelo líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA): "Não somos oposição, mas também não somos governo. Vamos votar com o Planalto sempre que for a favor do país", disse Nascimento, no que é acompanhado pelos líderes de outros integrantes do agrupamento, como o PP, o PSDB., o Cidadania e o Solidariedade;

Por essas e outras é que a expectativa seja de que o novo bloco não dure por muito tempo. Já nasceu rachado no apoio ao governo.