Quem venceu o debate entre candidatos à Prefeitura de SP?

O quarto debate entre os cinco principais candidatos à Prefeitura de São Paulo promovido pela TV Gazeta/MyNews foi marcado por intensa troca de xingamentos e de acusações de ligação com a fação criminosa com PCC entre os adversários.

Quem saiu perdendo foi o eleitor, na avaliação de colunistas do UOL. Veja a análise dos jornalistas:

Andreza Matais

Quem ganhou o debate foi o direito de resposta — perdi as contas de quantos a TV Gazeta teve que conceder. O eleitor só ouve falar do "invasor", "mentiroso", "ladrãozinho de creche", "chatabata" e "dapena". São os nomes a que o eleitor foi apresentado. E depois que apertar na urna, direito de resposta só daqui a quatro anos.

Quem perdeu o debate foi Pablo Marçal. O candidato virou vitrine desde que começou a subir nas pesquisas. No debate, todo mundo usou as mesmas técnicas de Marçal e foi preparado para fazer os cortes na internet.

Leonardo Sakamoto

Ninguém ganhou, e perderam a democracia e quem assistiu ao debate. Não há regra eleitoral que obrigue o convite a Pablo Marçal para debates na TV, porque o seu partido, o PRTB, não tem cinco parlamentares no Congresso Nacional.

A presença dele tem sido garantida por uma decisão dos próprios veículos de comunicação que acreditam estarem prestando um serviço à democracia, uma vez que o candidato está nas primeiras colocações. A ideia era nobre, mas ajudou a intoxicar o debate na eleição paulistana.

Matheus Pichonelli

O prefeito Ricardo Nunes parece ter acordado para o risco real de perder a reeleição e sabe quem é seu adversário hoje. Respondeu às provocações de Pablo Marçal colando nele o apelido de "Tchutchuca do PCC" e lembrando o tempo em que o autodenominado ex-coach foi preso e condenado.

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Outros ou repetiram a mesma tática de sempre ou escorregaram nas cascas de banana lançadas por Marçal, dando a ele o que ele queria: tirar todo mundo do sério. Datena puxa a fila.

Raquel Landim

Os apelidos se tornaram o normal na boca de todos os candidatos. Numa cidade de 12 milhões de habitantes cheia de desafios, eles só se tratavam por "criminoso", "invasor", "bananinha", "garota", "ladrãozinho de creche".

A candidata do PSB, Tabata Amaral, foi a que mais enfrentou Marçal, despertando a curiosidade do público nas buscas do Google. Ela o chamou de "palhaço" e "criminoso".

Reinaldo Azevedo

Com um misto de indignação e melancolia, assisti ontem ao debate promovido por TV Gazeta e MyNews com os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Os embates entre os postulantes, promovidos pela imprensa, com a presença do tal Pablo Marçal, têm servido para normalizar o absurdo, para rotineirizar o bizarro, para suavizar o escandaloso.

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E, pois, com todas as vênias a quem pensa o contrário, reitero: ou bem se impõe uma linha de corte na indecência — e o "coach" não pode ser admitido em eventos dessa natureza —, ou o jornalismo profissional se torna refém e promotor involuntário e passivo da bandalheira.

Tales Faria

Boulos talvez tenha tido algum lucro por não sofrer ataques significativos de Tabata e Datena.

Para infelicidade do eleitor, Pablo Marçal acabou dando o tom do debate, transformando-o não numa disputa de projetos, mas numa interminável troca de acusações entre os presentes. Nenhum dos candidatos presentes saiu vitorioso. Na verdade, o eleitor foi o grande derrotado. No final, o que vai ficar marcado mesmo do debate são os apelidos.

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