Ao criticar o governo de Israel Lula não atacou o povo judeu
É claro que o presidente Luís Inácio Lula da Silva, como chefe de Estado e de governo, tem que tomar um cuidado maior com as palavras do que nós outros, meros mortais.
Nesse sentido, ele já devia saber da forte reação contrária do establishment internacional quando compara o que está acontecendo na Faixa de Gaza ao Holocausto promovido pelos nazistas contra os judeus na Alemanha.
Talvez devesse evitar esse tipo de confronto, que só serve para acirrar os ânimos, não só na política externa como no ambiente interno da política aqui no Brasil.
Cabe ao Itamaraty, ao governo e ao Lula avaliarem o custo-benefício de declarações como a que fez agora, segundo as quais as ações militares de Israel em Gaza configuram um genocídio. E Lula ainda fez um paralelo com o extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler, no século passado na Alemanha.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que Lula ultrapassou a linha vermelha. Ele praticamente ameaça romper relações com o Brasil, o que não deve ocorrer.
Levantaram-se vozes em protesto nas associações judaicas, no establishment internacional e entre políticos e analistas políticos brasileiros. Enfim, será que valeu a pena?
Mas, dito isto, vale a pergunta: o que está acontecendo na Faixa de Gaza não é muito próximo de um genocídio contra os palestinos?
Por que tudo o que se fala contra governantes do Estado de Israel se torna um ataque contra o povo judeu? Povo cuja história é admirável e muito, muito respeitável.
Mas os governantes de Israel não são o povo de Israel. Assim como os governantes da Palestina não são o povo palestino.
Netanyahu é um ultraconservador radical que está assassinando milhares de pessoas. Assim como o Hamas é um grupo terrorista - também ultraconservador - que mata covardemente milhares de pessoas.
Criticar o Hamas não é criticar os palestinos, assim como criticar Netanyahu e o governo de Israel não é antissemitismo.
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