Tales Faria

Tales Faria

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Múcio constrange governo dizendo que ideologia atrapalha compras militares

Em palestra na Confederação Nacional da Indústria nesta terça-feira (8), o ministro da Defesa, José Múcio, disse que "questões ideológicas" causaram retrocesso na área militar do país.

Múcio citou vários casos, entre os quais a compra de blindados de Israel pelo governo brasileiro. Ele disse:

Houve agora uma concorrência, uma licitação, e venceram os judeus, o povo de Israel. Por questão da guerra, do Hamas, os grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta. Mas por questões ideológicas nós não podemos aprovar.

Eu falei com o ministro e ele disse que a culpa é da direita que divulgou suas falas como se fossem uma crítica ao governo. "Não foi uma crítica ao governo, tanto que quem está repercutindo é a direita, de forma distorcida. Foi uma crítica ao ambiente no país, marcado por questões ideológicas, preconceito e desconhecimento sobre o papel das Forças Armadas", disse.

Mas pelo que eu pude apurar, isso na verdade se tornou mais um motivo de constrangimento entre o ministro e o Palácio do Planalto. É que, na palestra, Múcio também reclamou de cortes de verbas na área militar. Disse que há um "absoluto desconhecimento" no Brasil sobre os objetivos na área militar. "Nos últimos anos, nós tivemos um retrocesso nos investimentos de defesa da ordem de 47%. Por quê? Por componentes ideológicos, por queixas políticas, por variações programáticas, que acham que a Defesa não funciona."

De fato, ele tem razão quanto à repercussão nas redes sociais de políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonarro. Estão mesmo dando grande repercussão ao assunto. Até o irmão da deputada Carla Zambelli, Bruno Zambelli, uma figura que eu não conhecia, publicou no Instagram: ministro de Lula joga tudo no ventilador e desmascara o governo.

Em sua palestra, o ministro também citou um outro caso do que chamou de "embaraço diplomático", desta vez envolvendo a guerra na Ucrânia. "Temos uma munição aqui no Exército que não usamos. A Alemanha quis comprar. Está lá, custa caro para manter essa munição. Fizemos o negócio, um grande negócio. Não faz porque senão o alemão vai mandar para a Ucrânia, a Ucrânia vai usar contra a Rússia e a Rússia vai mexer nos nossos acordos de fertilizantes".

OUTRAS FALAS DE MÚCIO:

Golpes de 64 e de 2023. "A esquerda achava que eles [Forças Armadas] haviam projetado aquele golpe e a direita ficou zangada porque não se deu golpe. Então, nós ficamos sem ter com quem conversar, com quem discutir. Por quê? Porque, se muita gente debita às Forças Armadas o golpe de 64, precisava ser creditado às Forças Armadas não ter havido golpe em 2023. Foram as Forças Armadas que preservaram e seguraram a nossa democracia, mas a sociedade sabe disso? Não";

Exploração mineral em terras indígenas. "Nós, por exemplo, importamos potássio do Canadá quando temos a 2ª maior reserva de potássio aqui, mas, por questões ideológicas, como está embaixo da terra dos indígena, nós não podemos explorar o nosso potássio";

Continua após a publicidade

Defesa contra a sociedade. "O nome do Ministério da Defesa não é porque a gente vive defendendo o país. A gente vive se defendendo da sociedade, da imprensa, dos políticos, dos governos, pelo absoluto desconhecimento do que é Ministério da Defesa no Brasil".

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Deixe seu comentário

Só para assinantes