Tales Faria

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Reportagem

Com Lira fragilizado, adversários oferecem vice-presidência da Câmara ao PT

Candidatos ao comando da Câmara contra o indicado pelo atual presidente, Arthur Lira (PP-AL), os líderes do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), e do PSD, Antonio Brito (BA), ofereceram ao PT a vice-presidência da Casa em troca de apoio.

A negociação ainda não é oficial. Está sendo feita com cuidado porque o PT também discute apoiar o candidato de Lira, o deputado Hugo Motta (Republicanos). Brito e Elmar têm um acordo de apoio mútuo àquele que estiver mais bem colocado na disputa.

Nos bastidores, o líder do PT, Odair Cunha (MG), e o deputado Lindbergh Farias (RJ) defendem aliança com Lira e Hugo Motta.

Mas o ex-líder Zeca Dirceu (SP) e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, acreditam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá preferir um nome mais afinado com o Palácio do Planalto. Elmar e Brito têm se colocado como mais próximos ao governo.

Embora o Palácio do Planalto não tenha resistências contra Motta, há grande temor em relação à sua proximidade com o líder do PP no Senado, Ciro Nogueira (PI).

Ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira é hoje um dos principais articuladores da bancada bolsonarista no Congresso.

O temor aumentou depois que o senador e Arthur Lira promoveram negociações entre Motta e o PL.

O partido do ex-presidente Bolsonaro aceitou formar um bloco, mas impôs como condição a garantia de que será colocada na pauta do plenário a votação da anistia para os presos da tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023.

Se aprovada, a anistia acabaria beneficiando o ex-presidente Jair Bolsonaro, caso ele seja condenado.

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Além disso, o PL é a maior bancada na Câmara. Aderindo ao bloco de Lira, terá direito à primeira escolha na distribuição dos demais cargos de comando na Casa: ficaria ou com a vice-presidência ou a primeira-secretaria.

A federação partidária PT-PCdoB-PV, com 80 deputados, está sendo considerada o fiel da balança na disputa de Lira e Motta contra Elmar e Brito. No bloco com Lira, ficaria com a segunda escolha; no bloco adversário, terá a primeira escolha.

Os líderes do PSD e do União Brasil acreditam que a oferta ao PT é irrecusável. Se o partido preferir, pode escolher a primeira-secretaria.

Caso feche com o bloco de Lira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá que aceitar que seu partido se alie à bancada oposicionista do PL.

Lula tem dito que não vai entrar na disputa, mas ninguém no Congresso acredita que ele ficará de fato alheio às articulações.

Neste final de semana, o presidente da República encontrou Elmar e Brito nos festejos do Círio de Nazaré, em Belém. Tiraram fotos abraçados ao ministro paraense Jader Barbalho Filho, cuja família comanda a maior bancada do MDB na Câmara.

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Lula defende que só se fale sobre a presidência da Câmara no final do ano, já que a eleição é em fevereiro de 2025.

Arthur Lira chegou dizer aos deputados que anunciaria o apoio oficial a seu candidato em agosto. Depois adiou para setembro. A última informação é de que poderia fazê-lo nesta semana.

Mas a verdade é que ele gostaria de fazer o anúncio já com o apoio do PT, o que não conseguiu ainda. A bancada petista só quer discutir o assunto na volta do segundo turno das eleições municipais.

O atraso está sendo visto na Câmara como um sinal do enfraquecimento de Lira, em final de mandato. Ele não tem conseguido sequer promover as costumeiras reuniões de líderes para definição da pauta de votações.

Na semana passada, chegou a convocar deputados para Brasília, mas não conseguiu votar nenhum projeto importante. Seus aliados temem que ele esteja sendo cozinhado em fogo brando pelo presidente Lula.

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