Tales Faria

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Opinião

Nunes confessa fragilidade na campanha ao fugir do debate

Ao cancelar a presença no debate UOL/Folha/RedeTV, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), na prática, confessa o que vinha negando antes: sua campanha à reeleição corre risco de ser derrubada junto com as árvores que caíram sobre os fios da cidade.

Na terça-feira, 17, em entrevista ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), Nunes negou que o apagão possa prejudicar sua campanha. Segundo o prefeito, o prejuízo será do seu adversário, Guilherme Boulos (PSOL), que é o candidato apoiado pelo presidente Lula (PT).

Nunes tem atribuído aos órgãos federais a culpa pela falta de fiscalização e de punição à Enel, empresa encarregada da distribuição de energia na cidade.

Ele insiste que a empresa explora uma concessão pública cuja fiscalização e punição pela inoperância cabe à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e ao Ministério das Minas e Energia. O prefeito não cita que, por contrato, a Aneel havia delegado essa função a à Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp).

No único debate ocorrido até agora no segundo turno, o da Band, Boulos usou termos como "cara de pau", "mentiroso" e "vacilante" para se referir a Nunes ao criticá-lo pela atuação diante do tema.

"Sempre o problema é do outro, né? Você não faz poda de árvore, e o culpado é o Lula?", indagou o deputado, afirmando que a cidade está refém de "duas incompetências", de Nunes e da concessionária.

Em nota para justificar ausência no debate de hoje, a equipe de comunicação da campanha do prefeito afirmou que ele não compareceria mais ao confronto em razão de uma reunião extraordinária agendada pelo governador Tarcísio.

"A campanha de Ricardo Nunes informou a ausência no evento de hoje e solicita a compreensão dos organizadores, do candidato adversário e do público."

Compreensão para o quê? Para as tempestades que caíram e que estão previstas para os próximos dias sobre São Paulo. Afinal, ao contrário do que tentou argumentar até agora, a prefeitura tem responsabilidade, sim, pelo caos na cidade.

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Nunes não é o único responsável. A Enel, Arsesp, a Aneel, o ministro da Minas e Energia, Alexandre Silveira, o governador Tarcísio e o presidente Lula também têm suas parcelas de culpa.

Uns mais, como a Enel, outros menos. Mas não adianta o prefeito fugir, nem de sua responsabilização, nem dos debates. Ainda mais em plena campanha eleitoral.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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