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Thaís Oyama

Bolsonaro calado é um poeta

Colunista do UOL

07/07/2020 13h20

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As consultorias de análise digital atestam: ao menos nas redes sociais, o silêncio obsequioso de Jair Bolsonaro desde a prisão de Fabrício Queiroz melhorou sua avaliação diante da opinião pública. Em outras palavras, Bolsonaro calado é mais apreciado que Bolsonaro falando.

No monitoramento da AP Exata, o índice de avaliação do presidente como "ruim e péssimo" caiu de 49% para 35% no período compreendido entre o final de junho e a primeira semana de julho. Queiroz foi preso no dia 17 de junho; Bolsonaro parou de falar no dia seguinte.

Hoje, porém, ao anunciar que está com Covid-19, o presidente não só retomou a voz como o fez no melhor estilo Jair Bolsonaro.

Disse que a pandemia está sendo "superdimensionada", voltou a criticar o "pânico" desmedido e os governadores que defenderam "medidas exageradas" de isolamento social.

Instado a "dar uma mensagem" para a população, ensaiou alguns passos para trás, tirou a máscara ("Só para vocês verem a minha cara, tá certo?") e mandou: "Vamos tomar cuidado especial com os mais idosos, que têm comorbidades. Os mais jovens tomem cuidado, mas se forem acometidos do vírus, fiquem tranquilos porque pra vocês a possibilidade de algo mais grave é próxima de zero."

Dos 54.294 casos de brasileiros mortos pelo coronavírus analisados até o último dia 6, 22% tinham entre 40 e 59 anos de idade. E 5% tinham entre 20 e 39 anos.

Se o presidente considerar a morte "algo mais grave", a possibilidade de ela ocorrer para os "mais jovens" não é próxima de zero.

Quanto mais se cala, mais Bolsonaro ajuda o Brasil.