Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Pesquisa mostra: sim, "direita surgiu de verdade" no país
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Esta é parte da newsletter da Thaís Oyama enviada ontem (1). Na newsletter completa, apenas para assinantes, a colunista mostra que 40% dos brasileiros hoje se declaram politicamente "de direita". O texto traz ainda a coluna "Em off", que fala de como será o ministério Lula segundo um integrante do primeiro escalão petista. Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu email, na semana que vem? Inscreva-se aqui.
********
Pesquisa mostra: sim, "direita surgiu de verdade" no país
Derrotado nas eleições, o destino do ainda presidente Jair Bolsonaro é incerto. Já o de suas bandeiras na área de costumes é mais claro — essas devem permanecer tremulando, com ou sem o ex-capitão a segurar seus mastros. Ontem, no primeiro pronunciamento feito depois das eleições, Bolsonaro disse que a "direita surgiu de verdade em nosso país".
Fato.
Pesquisa Genial/Quaest feita com 2 mil pessoas entre os dias 16 e 18 de outubro mostrou que a maior parte dos brasileiros (40%) hoje se descreve como "de direita', enquanto apenas 19% se dizem de esquerda e 19%, de centro (os 22% restantes não souberam dizer ou não responderam).
Até 2018, brasileiros eram de centro ou de esquerda
Em 2006, último ano do primeiro governo Lula, apenas 26% dos brasileiros se declaravam de direita, segundo a série histórica do Estudo Eleitoral Brasileiro (Eseb).
"Depois de 64, ser de esquerda significava ser 'de oposição', enquanto ser de direita estava muito associado à defesa da ditadura militar. Era difícil auto-declarar-se um integrante desse campo", lembra o cientista político e diretor da Quaest, Felipe Nunes."Os brasileiros se diziam de centro ou de esquerda".
Na política, a economia passou a ser o tema dominante nos embates eleitorais travados a partir de 1990, com a questão do papel do estado e das privatizações apartando as águas nas disputas presidenciais, a maior parte delas entre o PT e PSDB.
Bolsonaro tirou a direita do armário
Foi em 2018, com a ascensão de Jair Bolsonaro que a pauta eleitoral passou a ser dominada pela discussão moral e de costumes.
Temas como a legalização do aborto, liberação das drogas, redução da maioridade penal e ampliação do uso de armas ganharam força naquele ano, atravessaram o governo de Jair Bolsonaro e continuaram presentes na campanha encerrada na semana passada.
Pesquisas atestam que a opinião pública brasileira sempre teve um viés conservador nos costumes. À exceção da ampliação do uso de armas, que divide o país, a imensa maioria da população é a favor da redução da maioridade penal, contra o aborto e a legalização das drogas.
Ocorre que essas opiniões não se refletiam no autoposicionamento ideológico dos entrevistados. "Embora tivessem opiniões conservadoras, a maioria deles, quando convidados a se auto-definir politicamente, evitavam se dizer de direita", afirma Nunes.
Isso mudou com o aparecimento em cena de Jair Bolsonaro. Em 2018, quando o ex-capitão concorreu à presidência da República, o país assistiu a uma "explosão" da direita.
Na série histórica do Eseb, a porcentagem de pessoas que declarou se posicionar nesse campo atingiu o recorde: 43%. Quatro anos depois, essa taxa história se mantém no mesmo patamar, de 40%.
A pesquisa da Quaest reforça a ideia de que Jair Bolsonaro não inventou o conservadorismo de costumes no Brasil — foi antes a sua expressão antropomórfica. O ex-capitão tirou a direita do armário —e ela agora não depende dele para se fazer ouvir.
****
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.