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Thiago Herdy

REPORTAGEM

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Réus por rompimento de barragem em Minas doam R$ 750 mil a Bolsonaro

Irmãos e sócios da Herculano Mineração, Mardoqueu, Jairo e Gláucio doaram R$ 750 mil à campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles vão a júri popular por três mortes ocorridas em rompimento de barragem em Itabirito, em 2014. - Divulgação/Arquivo pessoal
Irmãos e sócios da Herculano Mineração, Mardoqueu, Jairo e Gláucio doaram R$ 750 mil à campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles vão a júri popular por três mortes ocorridas em rompimento de barragem em Itabirito, em 2014. Imagem: Divulgação/Arquivo pessoal

Colunista do UOL

27/10/2022 04h00

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Réus em processo em que são acusados de homicídio qualificado de três operários pelo rompimento de uma barragem de rejeitos da Herculano Mineração em Itabirito (MG), em 2014, os empresários Mardoqueu, Jairo e Gláucio Herculano doaram R$ 750 mil à campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), os irmãos realizaram três transações bancárias de R$ 250 mil na conta da campanha do presidente, uma semana depois do fim do primeiro turno, em que Bolsonaro obteve 43,2% dos votos, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que obteve 48,4%.

A coluna perguntou aos irmãos as razões do apoio à campanha do presidente, mas eles preferiram não se manifestar. Procurada, a Herculano Mineração também não comentou a doação.

Em redes sociais, os familiares de Mardoqueu, Jairo e Gláucio fazem campanha a favor de Bolsonaro e contra a neutralidade de amigos e seguidores neste segundo turno das eleições.

Até setembro deste ano, a campanha de Bolsonaro havia recebido R$ 3,1 milhões de 93 doadores que são infratores ambientais, de acordo com reportagem do site InfoAmazônia. A conta não considera a doação da família Herculano Antunes, que é posterior ao levantamento. A gestão do atual presidente é marcada pelo cancelamento de milhares de multas aplicadas por órgãos ambientais.

Irmãos vão a Tribunal do Júri

Em agosto deste ano, a 1ª Vara Criminal de Itabirito determinou que os irmãos e outros funcionários da empresa fossem julgados pelo Tribunal do Júri pela morte dos três profissionais que operavam máquinas na barragem no momento em que ocorreu o seu rompimento, no complexo minerário Mina Retiro do Sapecado, na zona rural de Itabirito, cidade a 60 km de Belo Horizonte.

Pelo menos 300 mil metros cúbicos de rejeito escorreram da barragem. No entendimento do Ministério Público, os irmãos e os outros réus da ação sabiam das condições precárias da barragem e não agiram para evitar a tragédia. A investigação da Polícia Civil sobre o episódio concluiu que houve falhas na gestão ambiental da empresa e que os rejeitos foram depositados em local que deveria estar desativado.

Morreram no episódio os funcionários Christiano Fernandes Silva, de 34 anos, Adilson Aparecido Batista, de 43, e Reinaldo da Costa Melo, de 68.

Além do crime de homicídio, os irmãos são processados por crimes contra a fauna, flora, destruição de área da mata atlântica, fornecimento de dados falsos a órgão ambiental e poluição que causa interrupção de abastecimento de água. Alguns deles já prescreveram.

Em 2015, a Herculano Mineração fechou acordo com o MP de Minas comprometendo-se a investir R$ 39 milhões em projetos ambientais, como meio de reparação pelos danos causados. A empresa também se comprometeu a desativar duas barragens de rejeitos.

A coluna perguntou aos irmãos qual o posicionamento deles em relação aos crimes de que são acusados pelo MP mineiro, mas também não houve retorno.