'Bater não compensa, você perde muita amizade', diz tio de Marçal
Candidato a vereador em Mozarlândia (GO) pelo Podemos, Edson Marçal recebeu pela TV a notícia de que o sobrinho famoso e candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), decidiu não mais apoiar sua candidatura.
"Meu tio Edson, que pediu para eu gravar um vídeo, você não vai ganhar o vídeo e se vira para ganhar aí a eleição no interior de Goiás", disse Marçal durante o debate promovido pela Rede TV e pelo UOL.
O descontentamento de Marçal com o tio teve um motivo: à equipe de jornalistas do UOL e da Rede TV, Edson disse que gostava muito do sobrinho, o considerava inteligente, mas não concordava "com esse jeito dele bater nos outros".
Segundo eleitores pesquisados pelo Datafolha, Marçal é o candidato mais desrespeitoso com seus oponentes, e também o mais rejeitado. No debate, Marçal foi questionado se temia perder votos por conta da estratégia e que resposta ele daria ao tio. O candidato do PRTB ignorou a pergunta e discorreu sobre seus planos para a cidade.
À coluna, Edson Marçal explicou melhor seu pensamento:
"É por ele ser inteligente demais que deveria mostrar algum lado bonito dele, um lado bom. Esse negócio (de bater) não compensa, você perde muita amizade", completou.
Passado radical
A rejeição de Edson à agressividade em campanha política é uma lição que ele diz ter aprendido na própria trajetória.
Candidato a cargos de vereador, vice-prefeito e deputado estadual por Goiás desde o início dos anos 2000, ele atribui a derrota mais importante de sua vida, à Assembleia Legislativa, aos ataques que fazia aos adversários.
"Mais novo, eu também era radical", conta o aposentado, que foi vereador entre 2004 e 2008 pelo PPS, com apoio do ex-ministro Ciro Gomes.
Edson é irmão de Wilson Marçal, pai do candidato a prefeito de São Paulo. Segundo ele, além de ex-funcionário público, o irmão Wilson atua como pastor evangélico.
"É um cara abençoado, muito simplório e rígido. Viaja pelo Brasil levando uma palavra muito bonita", descreve Edson, ao falar do pai de Marçal.
Em 2005, quando o candidato do PRTB tinha 18 anos, a polícia investigava seu envolvimento com uma quadrilha de hackers e um grampo registrou uma ligação de seu pai, dizendo-lhe: "Eu não quero que você mexa com aquele troço. Honra tem pai e tua mãe". O filho responde não ter mais envolvimento com isso.
Edson diz ter estado pela última vez com o sobrinho em um encontro familiar na fazenda de um outro irmão, no Tocantins.
Há alguns dias, quando pedia votos em borracharia próximo ao trevo principal de Mozarlândia, um eleitor perguntou se ele era parente do candidato a prefeito de São Paulo.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receber"Quando eu falei que era, o moço tirou até foto comigo. Aí pensei, 'meu Deus do céu', o homem tá fazendo sucesso mesmo", conta.
Foi pela fama do sobrinho que há alguns dias ele mandou um WhatsApp pedindo a ele que gravasse um vídeo de apoio à sua candidatura.
O vídeo não veio e parece que não virá.
Ao final do debate, a coluna perguntou a Marçal se ele considerava rever a decisão anunciada na TV, tendo em vista que o tio não parece ter tido a intenção de prejudicá-lo. Apenas disse o que pensava, ou seja, que não gostava da agressividade do sobrinho em campanha.
"Te agradeço por me falar sobre isso. Mas, o vídeo, ele não vai mais ganhar", decretou Marçal.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.