MP investiga relação entre ex-chefe de gabinete e campeão de obras em SP
O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) abriu uma investigação para apurar a conduta do ex-chefe de gabinete da Siurb (Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo) Eduardo Olivatto.
Ele mora em um imóvel de luxo que pertence a uma imobiliária do empresário Fernando Marsiarelli.
Marsiarelli também é dono da F.F.L Sinalização, Comércio e Serviços, empresa que mais assinou contratos sem licitação com a Siurb durante a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
A investigação foi aberta por decisão do próprio MP, após o caso ser noticiado pelo UOL, e tramita na 7ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da Capital.
De acordo com o despacho que instaurou a investigação, o objetivo é apurar "eventual prática de atos de improbidade administrativa no âmbito da Siurb", diante da "notícia de que Eduardo Olivatto, chefe de gabinete, residiria em um imóvel de luxo que pertence a uma imobiliária do empresário Fernando Marsiarelli".
O apartamento fica em um edifício de alto padrão recém-erguido pela construtora Cyrela na rua Capote Valente, em Pinheiros, na zona oeste, tem 228 m² e foi adquirido por R$ 4,95 milhões.
Este é o segundo imóvel do empresário líder dos contratos emergenciais na cidade a ser utilizado pelo servidor municipal.
Conforme noticiou o UOL no último mês, o servidor e sua esposa, Christiane Olivatto, utilizaram um apartamento de Marsiarelli, na zona sul, para abrir duas empresas particulares, uma em 2022 e outra no ano seguinte.
Os dois apartamentos usados por Olivatto foram comprados por Marsiarelli por meio da Imóveis Ravello, empresa que ele abriu para gerir o seu patrimônio imobiliário.
Marsiarelli e Olivatto afirmam que o uso dos imóveis ocorreu por meio de contrato de aluguel e negam haver irregularidades.
O servidor disse ter sabido que Marsiarelli era dono do imóvel usado por suas empresas apenas na assinatura do contrato. Marsiarelli disse ter ficado sabendo após ter sido procurado pela reportagem.
Sobre a investigação do MP, Olivatto informou crer que ela comprovará não ter havido irregularidades em sua relação com o empresário.
Exoneração
Após as eleições, Olivatto foi exonerado do cargo de chefe de gabinete. Segundo publicação no Diário Oficial, a exoneração aconteceu a pedido do próprio Olivatto.
De acordo com a assessoria da Siurb, como ele é funcionário de carreira da gestão municipal, passou a exercer a função de Assistente Administrativo de Gestão Nível II.
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Quero receber"Em função dos questionamentos, Eduardo Olivatto necessitará de tempo para se dedicar à sua defesa contra acusações infundadas", informou a assessoria do ex-chefe de gabinete, ao ser perguntada sobre a razão de seu pedido de afastamento.
Além do MP, a Controladoria Geral do Município (CGM) também tem um procedimento em aberto para apurar a conduta do servidor.
"Os processos no âmbito da CGM são protegidos por sigilo", informou a prefeitura.
Olivatto também foi alvo de inquérito que apura possível crime eleitoral — ele foi flagrado em vídeo pedindo votos para Ricardo Nunes (MDB), no pátio de uma das empresas que prestam serviços para a administração municipal.
No entanto, o inquérito foi arquivado por decisão da Justiça Eleitoral.
Contratos sem licitação
Nos últimos quatro anos, a F.F.L., empresa de Marsiarelli, faturou R$ 624,1 milhões em contratos sem licitação para recuperação de pontes, sistemas de drenagem e contenção de margens de córregos de rios na cidade.
É o maior volume em contratos assinados nesta modalidade por uma empresa individualmente no âmbito da Siurb durante o primeiro mandato de Ricardo Nunes (2021-2024), reeleito em outubro.
No período, o órgão assinou contratos emergenciais que totalizaram R$ 5,5 bilhões.
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