Depoimento de hacker na CPI promete ser mais precioso do que Rolex
Com um habeas corpus nas mãos que o autoriza manter-se em silêncio no caso de sentir que poderá complicar-se, Wálter Delgatti Neto, conhecido pelo apelido de 'hacker de Araraquara', será ouvido na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) de 8 de janeiro.
A sessão da CPMI promete ser mais preciosa do que o relógio da marca Rolex recomprado pelo advogado bolsonarista Frederick Wassef, depois de escandalosos e consumados crimes de peculato, em continuação delitiva
A CPMI também será mais vistosa do que o relógio Patek Philippe que o então presidente Bolsonaro recebeu de presente do rei do Baren, dele assenhorando-se na condição de peculatário: Bolsonaro ainda não devolveu o Patek Philippe ao patrimônio da União.
Delgatti foi o hacker que desmascarou e desmoralizou a dupla Sergio Moro e Dalton Dallagnol. Por meio de prova proibida pela legislação, mas de grande validade para o cidadão comum formular convencimento, os diálogos de Moro e Dallagnol mostraram que o acusador Dallagnol e o juiz Moro jogavam de mão na produção de provas contra Lula.
O hackeamento de Delgatti realizado no Telegram produziu a popular Vaza Jato.
A propósito, Moro e Dallagnol nunca negaram os diálogos. Mas, até hoje, ambos se negam a falar sobre o grampeado, ou seja, se real ou não. E usam como justificativa o descarado argumento de se tratar de prova ilícita, vedada pela Constituição e pelas leis.
Para o jornalista Glein Greenwald, à época no Intercept Brasil, foi graças a Delgatti que Lula saiu da cadeia. Isso pela anulação do processo no caso de relatoria do ministro Gilmar Mendes. Segundo o jornalista Glein, o presidente Lula deveria ser eternamente grato a Delgatti.
Delgatti é visto como de inclinação narcísica. Ele teria sido, para realizar novas confusões e invasões ilegais em sistemas eletrônicos variados, contratado pela deputada federal Carla Zambelli.
Parêntese: usadas as histórias do Brasil e de Portugal para buscas de semelhanças, Carla Zambelli é uma espécie de Carlota Joaquina.
A lembrar haver Carlota Joaquina, apelidada de "A Megera de Queluz", passado para a história como conspiradora, golpista. Para ter-se ideia, Carlota Joaquina quis derrubar até o seu marido, que era o rei D. João 6º.
A revelação esperada de Delgatti pela CPMI, avaliada como bombástica, poderá ser sobre um encontro tido com a comissão do Exército brasileiro, encarregada de colaborar com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Aquela comissão do Exército nacional convidada, sem nada ter a ver com eleições e numa tolice pantagruélica do ministro Luís Roberto Barroso, a opinar sobre o sistema eleitoral eletrônico do TSE.
Delgatti teria comparecido, consoante afirmou, para revelar aos oficiais militares, na moita, as fragilidades do sistema eletrônico e das urnas eletrônicas.
Ele possui antecedentes criminais. Mas, a CPMI busca a verdade e, por isso, não pode optar por ouvir apenas pessoas ilibadas.
Delgatti foi levado por Zambelli para se encontrar com Bolsonaro no palácio da Alvorada.
Atenção: não foi conversar com Bolsonaro sobre joias nem sobre compradores de ouro da paulistana praça da Sé. Conforme Delgatti, Bolsonaro queria saber sobre o código fonte do sistema e das vulnerabilidades das urnas.
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Quero receberBolsonaro, a respeito do encontro havido com Delgatti, disse nada ter perguntado e mantido-se em sepulcral silêncio.
Pelo narrado à Polícia Federal, o "hacker de Araraquara", também apelidado de vermelho por ter cabelos naturalmente ruivos, informou ter recebido R$ 3 mil mensais de Zambelli. E os pagamentos seriam feitos por meio de interposta pessoa.
O certo é que Delgatti, quando já estava contratado por Zambelli, invadiu o sistema informatizado do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). E o hacker Delgatti introduziu na base de dados o registro de um mandado de prisão, uma ordem de prisão, contra Alexandre de Moraes.
Delgatti já declarou à Polícia Federal ter sido Zambelli quem redigiu os termos do mandado de prisão falso e ele, além de invadir o sistema, corrigiu erros de português da deputada para não levantar suspeitas.
A qualquer momento Delgatti, consoante circula, poderá fechar um contrato que vai juridicamente complicar Bolsonaro e mais ainda Zambelli. Trata-se de um contrato de colaboração com a Justiça, conhecido popularmente por delação premiada.
Por volta de 1853, o jurista e filósofo Rudolf Von Ihering teve uma intuição. E escreveu que um dia apareceria o direito premial, no interesse superior da coletividade. Naquela época, Delgatti, Zambelli e Bolsonaro, não era nascido. No entanto, o relógio da marca suíça Patek Philippe existia, pois é de 1851.
Como previsto por Ihering, adotou-se, mundo afora, o direito premial. E a eventual deleção de Delgatti só terá validade, como todos sabem, se for confirmada por provas.
Por enquanto, as digitais de Zambelli são perceptíveis. E a Carlota Joaquina do Bolsonaro poderá, mais uma vez, complicar-lhe a já complicadíssima vida judiciária-criminal de Bolsonaro.
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