Não é verdade que 35% dos votos válidos dão vitória a Bolsonaro no 1º turno
É enganoso o post que vem sendo compartilhado nas redes sociais com uma imagem de tela do Índice Band acompanhada da afirmação de que Jair Bolsonaro (PSL) seria eleito presidente no primeiro turno com 35% dos votos válidos. Para liquidar a disputa eleitoral já na primeira fase, o candidato ao Planalto deve ter 50% dos votos válidos mais um voto.
A foto foi publicada no perfil de Facebook do deputado federal Mitel Mazard (PSL-SP) e em outros perfis e páginas da internet. O Índice Band é elaborado pelo Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) e apresenta a média das pesquisas eleitorais divulgadas por institutos de pesquisas selecionados entre os de maior tradição no país, com mais anos de experiência, e que divulgam pesquisas com frequência. São usados, por exemplo, dados de Ibope, Datafolha e MDA.
Segundo Marcela Montenegro, diretora-executiva do Ipespe, o objetivo é que o eleitor tenha como referência valores semelhantes aos anunciados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na apuração. O cálculo do índice trabalha sempre com "votos válidos", ou seja, não entram na conta os entrevistados indecisos ou que declararam voto branco ou nulo.
O resultado do cálculo mostra que Bolsonaro tinha em intenções de voto, no dia 20 de setembro, o equivalente a 35% dos votos válidos. Mazard postou um gráfico do índice verdadeiro, mas publicou um texto incorreto junto à imagem, em que afirma que com esse número o presidenciável seria eleito.
Na postagem do Facebook, ele disponibilizou um link do site "O Antagonista". A publicação reproduz um trecho de uma entrevista do cientista político Lúcio Rennó, da UnB (Universidade de Brasília) à jornalista Miriam Leitão, do jornal "O Globo".
Rennó disse que, dependendo da quantidade de abstenções, votos brancos e nulos – o que é difícil prever –, um candidato com mais de 35% dos "votos totais" – e não de válidos -- pode ser eleito no primeiro turno. Mas não cita valores mais específicos.
Em entrevista por telefone, o candidato a deputado federal disse ter ciência de que a informação que publicou está incorreta. No entanto, não quis dizer à equipe do Comprova se iria corrigir ou não a descrição do post enganoso.
A postagem foi publicada na terça-feira (25) e viralizou no Facebook, com 7,1 mil compartilhamentos até o começo da tarde desta quinta-feira (27).
O Comprova é um projeto integrado por 40 veículos de imprensa brasileiros que descobre, investiga e explica informações suspeitas sobre políticas públicas, eleições presidenciais e a pandemia de covid-19 compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens. Envie sua sugestão de verificação pelo WhatsApp no número 11 97045 4984.
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