Fracasso das federações empurra partidos para fusões e aquisições até 2026
As federações partidárias sofreram as maiores derrotas das eleições municipais. A federação PSOL+Rede perdeu 60% dos prefeitos eleitos pelos mesmos partidos, isoladamente, quatro anos antes. A PSDB+Cidadania encolheu 55%. E a federação PT+PV+PCdoB ficou praticamente igual (+2%) na soma de prefeituras, mas com distribuição típica dos casamentos fracassados: eu ganho, você perde, nós brigamos. O PT cresceu 37%, enquanto o PV perdeu 70%, e o PCdoB, 61% de seus prefeitos.
Nas regras das federações, os partidos têm que ficar unidos por quatro anos e atuar como uma entidade só. Mal comparando, é como morar junto antes de casar. Uma experimentação. Deu errado.
Os casais estão buscando novas casas. No caso de PT x PV, por exemplo, a separação é quase litigiosa. Difícil haver acordo.
No do PCdoB, é diferente. O Partido Comunista do Brasil reluta em abandonar a aliança estratégica com o PT. Mas os petistas parecem menos satisfeitos do que os comunistas. Seria histórico se a agremiação política acabasse como mais uma de muitas tendências do PT. Seria menos uma fusão do que uma aquisição, tamanha a diferença de tamanho entre as legendas.
Os partidos derrotados serão obrigados a se mexer por causa da progressividade da cláusula de barreira. Em 2026, a número mínimo de deputados federais para o partido ter acesso aos bilhões do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda em rádio e TV sobe de 11 para 13 deputados. E para 15 em 2030.
Em 2022, apenas 12 dos 28 partidos e federações partidárias que disputaram a eleição bateram a meta. Hoje, PCdoB tem 7 deputados, e PV tem 5. Não existiriam sem federação. Tampouco Rede (1), PRD (5), Solidariedade (5) e Avante (7).
A sobrevivência fica mais difícil a cada ciclo eleitoral. Com menos prefeitos e vereadores para ajudarem a eleger deputados daqui a dois anos, a meta se torna praticamente inatingível. E não apenas para os partidos de esquerda.
Outros dois partidos que se saíram muito menores das eleições municipais - o PSDB e o Solidariedade - abriram discussão sobre uma federação (ou uma fusão), embora a dobradinha dos tucanos com o Cidadania já tenha sido um fracasso em 2024.
Diante desse quadro, dois partidos que já foram maiores se tornaram parceiros potenciais para as siglas ameaçadas pela cláusula de barreira. O PDT tem 18 deputados federais, mas perdeu metade de suas prefeituras nas eleições de 2024. Seu futuro não está garantido. Está sendo cortejado por legendas menores para formar uma federação ou mesmo para uma fusão.
Podemos e PSB, ambos com 14 deputados federais cada, também estão perigosamente perto do limite da cláusula de barreira. A diferença é que o Podemos encolheu na eleição municipal, enquanto o PSB cresceu. Não muito, 19%, mas cresceu. Ambos também são potencialmente bons partidos - do ponto de vista do mercado matrimonial das agremiações partidárias em risco.
As fusões e aquisições antes de 2026 vão precipitar o processo de consolidação dos partidos políticos brasileiros iniciado na década passada. A aceleração do processo é fruto do "emendismo".
Os partidos fisiológicos do Arenão, que detêm o poder no Congresso, conseguem executar mais e melhor suas emendas ao orçamento da União. Assim, tiveram mais sucesso nas eleições municipais. Nessa tendência, PSD, PP, Republicanos, MDB e União Brasil tendem a crescer em deputados, subjugar os partidos menores, dominar o centro do poder e a isolar PT e PL.
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