Topo

UOL Confere

Uma iniciativa do UOL para checagem e esclarecimento de fatos


Operação Greenfield não investiga dinheiro da campanha de Bolsonaro

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Do UOL, em São Paulo

18/10/2018 16h25

É falso o título “Procuradoria investiga dinheiro sujo na campanha de Bolsonaro”, de post publicado no site “Plantão Brasil” no último dia 11. O texto é uma cópia de reportagem publicada no mesmo dia pelo “Estadão”, mas com o título alterado. A PR-DF (Procuradoria da República no Distrito Federal) investiga o economista Paulo Guedes, responsável pelo programa econômico da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) e cotado para ser ministro da Fazenda em caso de vitória. Até o momento, no entanto, o presidenciável não foi citado na apuração.

Embora o “Plantão Brasil” não cite a origem do texto, o projeto Comprova encontrou a reportagem original do "Estadão". Além disso, fez contato com o procurador da República Anselmo Lopes, da PR-DF e coordenador da força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga o caso, e também analisou os documentos disponíveis da apuração.

Na reportagem original, o “Estadão” usou o seguinte título: “Procuradoria mira relação entre doações a políticos e aportes em FIPs de Guedes”. O texto do "Plantão Brasil" tem parágrafos idênticos aos do "Estadão", mas, além de trocar o título, passando a veicular informação enganosa, o site suprimiu os trechos da reportagem do jornal que mostram as manifestações das defesas dos citados.

Em contato com o Comprova, o procurador confirmou que a campanha do presidenciável não está sob investigação. “Não há nenhuma investigação sobre Bolsonaro. Somente Paulo Guedes e outros são investigados”, declarou.

Nos documentos disponíveis da investigação, o nome do candidato não aparece.

A operação Greenfield investiga se Guedes praticou fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais, podendo ter cometido crimes de gestão fraudulenta ou temerária. Em seis anos, dois fundos de investimentos (FIPs) administrados por uma empresa de Guedes captaram R$ 1 bilhão dos fundos estatais.

Na investigação, o procurador Anselmo Lopes pede, entre outras providências, a verificação de “eventuais conexões entre os aportes dos fundos de pensão e as doações da empresa Contax Participações S/A (registradas em R$ 53 milhões para partidos políticos e candidatos, entre 2008 e 2014) da qual, segundo o portal "Bloomberg", o sr. Paulo Roberto Nunes Guedes era diretor”. Ele também determina a pesquisa de “doações eleitorais realizadas pelas pessoas físicas e jurídicas em questão entre os anos de 2008 e 2018”.

De acordo com a reportagem do Estadão, a empresa Liq (Contax) disse que o economista não foi seu diretor, mas sim Paulo Roberto Reckziegel Guedes. Os advogados do economista ligado a Bolsonaro afirmaram ao "Estadão" que “o fundo FIP BR Educacional não trouxe qualquer prejuízo aos fundos de pensão”.

O link do “Plantão Brasil” foi replicado no Facebook em páginas como “Verdade sem manipulação”, “Eu Odeio a Globo” e “Pig Golpista”. Até a noite desta quarta-feira (17), os posts com o link tinham cerca de 11 mil curtidas, comentários ou compartilhamentos, segundo a ferramenta Newswhip.

O “Blog da Cidadania” também publicou uma versão semelhante da informação enganosa. Usou o texto do "Estadão" e afirmou, no título, que “Procuradoria suspeita de dinheiro sujo na campanha de Bolsonaro”. Nas redes sociais, a publicação teve cerca de 3,3 mil interações.

As peças de desinformação foram verificadas pelo UOL, pela rádio “BandNews FM” e pela “Gazeta Online”, além do "Jornal do Commercio" e do jornal "O Povo", todos integrantes do projeto Comprova.

O Comprova é um projeto integrado por 40 veículos de imprensa brasileiros que descobre, investiga e explica informações suspeitas sobre políticas públicas, eleições presidenciais e a pandemia de covid-19 compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens. Envie sua sugestão de verificação pelo WhatsApp no número 11 97045 4984.