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É falso que governo venezuelano distribui papelão no lugar de atum

28.mar.2023 - Boatos semelhantes sobre atum circulam por Argentina, Chile e Colômbia desde 2019 - Arte/UOL sobre Reprodução Instagram
28.mar.2023 - Boatos semelhantes sobre atum circulam por Argentina, Chile e Colômbia desde 2019 Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução Instagram

Do UOL, em São Paulo

31/03/2023 18h26Atualizada em 03/04/2023 10h35

Circula nas redes sociais um vídeo que mostra um homem passando atum enlatado em uma peneira com água. O post afirma falsamente que o governo venezuelano distribui papelão moído ao povo.

O conteúdo foi desmentido por agências de checagem independentes da Venezuela. Versões do mesmo tipo de vídeo circularam em 2019 na Argentina, Chile e Colômbia.

O que diz o post?

Publicação usa vídeo de homem falando espanhol e lavando atum enlatado em uma peneira com a legenda "caixa de papelão moído que Maduro, ditador venezuelano, está dando para o povo venezuelano comer dizendo que é atum".

No vídeo, o homem afirma que "a questão do atum é realidade" e que "estão envenenando nossos filhos, nossos familiares, nossos amigos".

Por que é a postagem é falsa?

Aspecto é normal para atum em contato com a água. Segundo o engenheiro de pesca e doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), Antonio José Inhamuns da Silva, a textura mostrada no vídeo é o resultado esperado de uma proteína lavada por período prolongado.

Alimento perde parte das propriedades proteicas e vitamínicas, e restam as fibras. "O enlatado é cozido a 120°C. Então, se colocar na água e ficar molhando, o que for solúvel em água vai sair", explica.

Não é papelão, mas fibra de peixe. De acordo com o especialista, a partícula que sobra na peneira é a proteína miofribilar, não solúvel em água. "É o músculo dorsal, que fica no lombo do peixe", diz.

O UOL Confere aplica o selo falso a conteúdos que não têm amparo em fatos e podem ser desmentidos de forma objetiva.

A última publicação sobre o assunto que viralizou foi publicada no dia 27 de março no Instagram, embora o teor já tenha sido desmentido por equipes de checagem de outros países em anos anteriores.

Vídeo foi desmentido na Venezuela

A desinformação foi verificada pelo site independente de checagem Observatório Venezuelano de Fake News e também pelo Cotejo (veja aqui).

Site colombiano testou marcas de atum

Em 2020, o mesmo boato circulou na Colômbia envolvendo marcas de atum. Um jornal local, o Mi Putumayo, gravou um vídeo em que um engenheiro de alimentos testou diversas marcas comercializadas no país para desmentir o boato de que papelão era vendido no lugar do peixe (veja aqui).

Outra versão em 2019

O mesmo tipo de vídeo — colocando água no atum enlatado e passando em uma peneira — circulou acompanhado de outra versão da mentira, em 2019, na Colômbia, Argentina e Chile. Essa versão, no entanto, dizia que as marcas de atum utilizavam lã em vez de papelão, o que também é falso.

À época, o conteúdo foi desmentido pelo Chequeado, agência de checagem argentina (veja aqui). O site argentino também desmentiu a versão que fala de papelão no mesmo ano (veja aqui).

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

Fabíola Cidral conta como reconhecer logo de cara uma fake news

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