Janssen anunciou descontinuação de vacina contra covid por motivo comercial

A farmacêutica Janssen anunciou a suspensão da fabricação e distribuição da vacina contra covid-19 por motivos comerciais, e não por supostas questões relacionadas à segurança do imunizante.

Publicações nas redes sociais usam o recorte de um comunicado de junho de 2024 para levantar dúvidas sobre o imunizante.

O UOL Confere considera distorcido conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.

O que diz o post

Um comunicado de junho de 2024 publicado no site da farmacêutica Janssen justificando a suspensão da comercialização da vacina contra covid-19 no Brasil é compartilhado com o seguinte comentário: "Site da Janssen informa fim da vacina. AstraZeneca e Janssen são alvos de processos. E agora? Quem é o genocida?"

Por que é distorcido

Motivo da suspensão foi comercial. A publicação omite que a justificativa dada pela farmacêutica é comercial (aqui). "Essa decisão é decorrente da estratégia comercial da empresa e não possui qualquer relação com a segurança ou eficácia do medicamento VACINE de COVID-19 (ad26.cov2-s recombinante)", afirmou comunicado da empresa.

Resposta da Janssen. Ao UOL Confere, a empresa disse que "os dados cumulativos continuam a apoiar um perfil positivo de benefício-risco para a vacina da companhia". De acordo com a companhia, as últimas doses da vacina contra covid-19 expiraram, e a inclusão do imunizante na Lista de Uso Emergencial global concedida pela OMS não está mais em vigor. "A Johnson & Johnson é grata aos diversos parceiros que ajudaram a desenvolver e distribuir a vacina contra a COVID-19, que protegeu milhões de pessoas ao redor do mundo durante a pandemia", diz a nota. Questionada sobre eventuais processos, a empresa afirma que não comenta ações judiciais em andamento.

Descontinuação é feita em etapas. Ao UOL Confere, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que a farmacêutica deu o primeiro passo para cancelar o registro, que é protocolar no órgão a descontinuação definitiva do produto. O processo está em análise na agência. Em seguida, serão estabelecidos prazos para que o fabricante cumpra antes do cancelamento definitivo. A expectativa é de que o processo seja concluído em 2025.

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Vacina da AstraZeneca teve registro válido até março de 2024. Segundo o site da Anvisa, a empresa não renovou o registro (aqui). Em maio, a farmacêutica anunciou que ia parar de fabricar o imunizante contra covid-19 por queda na demanda e por haver excedente de outras opções no mercado (aqui e aqui). A empresa foi processada por pacientes no Reino Unido (aqui) e na Argentina (aqui), que alegam efeitos adversos da vacina.

UOL Confere procurou a AstraZeneca. A empresa afirmou: "A segurança do paciente é, e sempre será, a nossa maior prioridade. A partir do conjunto de evidências em ensaios clínicos e dados do mundo real, a vacina Oxford-AstraZeneca tem demonstrado continuamente ter um perfil de segurança favorável, e reguladores em todo o mundo afirmam consistentemente que os benefícios da vacinação superam os riscos de efeitos colaterais potenciais e que são extremamente raros".

Viralização. No Instagram, uma publicação com o conteúdo desinformativo registrava mais de 1.000 curtidas nesta terça-feira (17).

Este conteúdo também foi verificado por Reuters.

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