Marçal não foi preso por assinar laudo falso contra Boulos no 1º turno
O candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) não foi preso por assinar um laudo médico falso atribuído ao adversário Guilherme Boulos (PSOL), ao contrário do que afirmam posts nas redes sociais.
A Polícia Civil identificou que a assinatura no documento apresentado por Marçal foi forjada. Contudo, não confirmou quem cometeu o crime. Até o momento, o caso está sob investigação e não houve condenações.
O que diz o post
"Mal começou as votações e Pablo Marçal foi desmascarado ele assinou o documento falsificado", diz o título da publicação.
Abaixo, ao lado de uma foto de Marçal, há um vídeo de um trecho de uma reportagem da CNN Brasil. Nele, o jornalista Márcio Gomes diz: "A Polícia Civil acaba de divulgar o laudo que mostra que a assinatura no documento divulgado pelo candidato Pablo Marçal em São Paulo é falsa".
A mensagem "Foi diretamente para o xilindró lá ele vai ver o sol nascer quadrado" completa o post, insinuando que o ex-coach foi preso.
Por que é falso
Marçal não foi preso por divulgar laudo falso. Em busca no Google pela expressão "Pablo Marçal prisão" (aqui), há resultados mostrando apenas casos antigos envolvendo o ex-coach. Em 2005, ele foi preso provisoriamente, como parte de uma investigação sobre desvio de dinheiro de contas bancárias. Em 2010, Marçal foi condenado a quatro anos e cinco meses de prisão por furto qualificado. Como houve prescrição definitiva, não foi preso nem cumpriu a pena (aqui)
Reportagem mostra conclusão sobre autenticidade do laudo. O post enganoso utiliza o trecho de uma transmissão ao vivo do programa CNN Prime Time no último dia 5. (aqui e abaixo). Em momento algum há qualquer menção sobre uma possível prisão de Marçal por conta deste episódio.
Ex-coach é alvo de investigação. A Polícia Civil enviou ao TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) a investigação aberta contra o ex-coach por divulgar o laudo falso contra Boulos (aqui). A medida foi tomada para evitar duplicidade nas investigações. Por se tratar de um crime relacionado às eleições, o inquérito se concentrará na Justiça Eleitoral.
Polícia Federal também investiga Marçal. A PF incluiu o caso do documento forjado ao inquérito que apura um conjunto de acusações e crimes contra a honra atribuídos ao ex-coach em relação a seus adversários na campanha de 2024 (aqui). Até o momento, não houve qualquer condenação.
Boulos pediu a prisão de Marçal. Em transmissão ao vivo nas redes sociais no último dia 4, o candidato do PSOL disse que o adversário "não tem limite" por divulgar um laudo falso (aqui). "Estamos entrando com um pedido de prisão do Pablo Marçal na Justiça Criminal. Dele e do dono da clínica", afirmou.
Defesa alega "liberdade de manifestação". Os advogados de Marçal afirmaram que o ex-coach "não fabricou nem manipulou o conteúdo veiculado, limitando-se a divulgá-lo da forma como foi expedido" (aqui).
Prontuário falso tentava ligar Boulos a consumo de cocaína. No último dia 4, Marçal apresentou um laudo médico falso que apontava "surto psicótico grave e uso de cocaína" por Boulos. Entre outros elementos que permitiram identificar o documento como forjado, há erros de português, de digitação e o RG com um número a mais. José Roberto de Souza, médico que teria assinado o prontuário falsificado, está com registro no CRM-SP (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) inativo desde 2022, constando como "falecido" (aqui).
Viralização. Até a tarde desta sexta-feira (11), post com conteúdo falso no Instagram tinha mais de 39 mil visualizações.
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