É falso que perícia da polícia em laudo de Marçal foi incompleta

Não é verdade que a perícia feita pela Polícia Civil de São Paulo no laudo médico falso usado por Pablo Marçal (PRTB) para acusar Guilherme Boulos (PSOL) de uso de drogas esteja incompleta.

Os peritos confrontaram a assinatura atribuída ao médico José Roberto de Souza no prontuário falso com nove documentos dele.

O que diz o post

Em um vídeo, um homem que se diz perito mostra uma matéria publicada pelo portal R7 com o título "Laudo usado por Marçal contra Boulos é falso, confirma perícia da polícia civil".

Em seguida, ele levanta dúvidas sobre a qualidade da perícia da polícia e chega a sugerir perseguição. "A perícia que eles estão fazendo é no documento físico? Eles já tiveram acesso ao documento físico?", questiona o homem. Ele diz ainda que a perícia deve ser feita na assinatura física para avaliar "pressão e tipo de tinta", além de uma análise papiloscópica (de impressões digitais).

Por que é falso

Análise foi grafotécnica, ou seja, em relação à autenticidade da assinatura. A perícia confrontou a assinatura mostrada no documento publicado por Marçal e atribuída ao médico José Roberto de Souza com nove documentos oficiais do médico (aqui).

Foram analisadas uma procuração, um pedido de passaporte, um boletim de identificação e seis fichas de identificação originais. Os documentos são datados de 1973, 1978, 1981, 1986, 1987, 1992, 2012 e 2015. O laudo foi publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo (confira aqui).

Visualmente é possível notar que as assinaturas são muito distintas. Veja abaixo:

Assinatura usada no laudo (à esquerda) e a assinatura verdadeira (à direita).
Assinatura usada no laudo (à esquerda) e a assinatura verdadeira (à direita). Imagem: Reprodução/Projeto Comprova
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Conclusão do laudo pericial da Polícia Técnico-Científica de SP. De acordo com a análise, "É FALSA a imagem da assinatura em nome do médico 'JOSÉ ROBERTO DE SOUZA', lançada no receituário objeto de exame, descrito no capítulo 'Peça de Exame', posto que tal assinatura não apresenta as mesmas características gráficas dos exemplares observados nos documentos descritos no capítulo 'Padrões de Confronto'".

Polícia investiga o caso. Ao UOL Confere, a Secretaria de Segurança Pública reafirmou que o laudo pericial feito pelo Instituto de Criminalística concluiu que o documento divulgado por Marçal é falso. "O relatório da perícia foi encaminhado à autoridade policial, que realiza a oitiva de testemunhas e demais diligências visando o devido esclarecimento dos fatos", afirma o órgão.

PF também atestou falsidade da assinatura. A Polícia Federal analisou a assinatura do médico José Roberto de Souza no prontuário publicado por Marçal e também concluiu que é falsa. A PF apontou que há inconsistências "tanto nas formas gráficas, quanto em suas gêneses, não havendo evidências de que tais grafismos tenham sido escritos por uma mesma pessoa". A análise também comparou a assinatura do prontuário com documentos oficiais do médico com datas de 1978, 1981, 1987, 1992, 2012, 2015, 2019 e 2020 (aqui).

Digitais não ficam muito tempo no papel. Ao contrário do que afirma o homem no vídeo desinformativo, não é necessário e nem possível fazer uma análise das impressões digitais no laudo físico. Segundo a perita grafotécnica em documentoscopia, Rosangela Llanos, as digitais não duram mais que um dia na superfície de papel. "O papel absorve a digital, então a gente não consegue fazer essa coleta. Se for no mesmo dia, sim, mas passado alguns dias já não é mais possível", explica. O documento falso tem data de 2021.

Também não há necessidade de documento físico para análise da assinatura. A perita afirma que a análise grafotécnica leva em conta o "idiotismo gráfico", isto é, as marcas características de uma pessoa na sua assinatura. "Independente de ser um documento digitalizado, uma captura de tela, a gente consegue sim fazer essa grafotécnica em pouco tempo", afirma.

Este conteúdo também foi checado por Aos Fatos.

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