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Justiça determina demolição de 89 barracas em cinco praias de Salvador

Especial para o UOL Notícias<br>Em Salvador

18/05/2010 13h50

Com tratores, caminhões e cerca de 150 policiais militares e federais para garantir a segurança, técnicos da Prefeitura de Salvador iniciaram nesta terça-feira (18) a demolição de 89 barracas, em cinco praias, condenadas pela Vigilância Sanitária no ano passado. Segundo a Justiça, os "estabelecimentos" tinham de ser derrubados com urgência nas praias de Pituba, Placaford, Jaguaribe, Piatã e Boca do Rio porque havia “grande probabilidade de risco à saúde pública”.

Há mais de três anos, a prefeitura e os barraqueiros que trabalham na orla de Salvador travam uma batalha: algumas barracas foram demolidas no ano passado, mas os trabalhos foram suspensos para que houvesse uma solução negociada entre as partes. No entanto, depois que a Vigilância Sanitária condenou os locais, a Justiça determinou a demolição.

A chegada dos agentes para cumprir a determinação judicial provocou comoção entre os comerciantes. Muitos choraram e chegaram a abraçar alguns equipamentos, como geladeiras, fogões e panelas, para tentar sensibilizar os funcionários da prefeitura. “Há mais de 20 anos sustento minha família com o trabalho na barraca. Agora, não sei mais o que fazer”, disse David Mesquita. “Não sei mais o que fazer da minha vida.”

“Demorei três anos para colocar a barraca como queria e, agora, perdi tudo”, disse Márcio Santos. O superintendente da Sucom (Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo), órgão da prefeitura que coordenou a demolição, disse que o município cumpriu uma determinação judicial. “Não tínhamos outra alternativa.”

Em Salvador, as barracas, com raras exceções, foram construídas na areia, ocupando os espaços dos banhistas. No total, segundo a prefeitura, são cerca de 300 estabelecimentos comerciais nos 52 km de praia da capital baiana, a maioria sem as mínimas condições de higiene.

O presidente da Associação dos Comerciantes de Barracas de Praia da Orla de Salvador, Allan Rabellatto, condenou a ação dos agentes municipais. “São centenas de pessoas, entre proprietários, cozinheiros e garçons que estarão desempregados a partir de agora”, acrescentou.

Alguns turistas que circularam esta manhã pelas praias de Salvador aprovaram a decisão da Justiça. “É uma vergonha que uma cidade tão bonita como Salvador tenha uma orla deteriorada, sem a menor infraestrutura para receber os visitantes”, disse a professora alagoana Angélica Menezes, 28.