Chuvas em MG afetam economia e mobilidade de moradores de municípios do sul do Estado
As chuvas no sul do Estado de Minas Gerais afetaram a economia de cidades atingidas pelas tempestades e, em alguns casos, a população está sentindo falta de produtos corriqueiros, que começam a rarear em localidades com dificuldade nas suas estradas de acesso.
Na cidade de Baependi (380 km de Belo Horizonte), várias famílias dependem da produção de artesanatos a base de bambu e palha que, segundo Rander Mendes, coordenador da Defesa Civil municipal, foi bastante afetada tanto por falta de escoamento da produção quanto pela destruição de matéria-prima. Ainda segundo ele, 1.000 km de estradas rurais foram danificados, de um total de 1.400 km.
Em relação ao turismo, a cachoeira do Caldeirão, que segundo ele é tombada pelo patrimônio histórico estadual, teve a cabeceira atingida por deslizamento de terra. “Ainda não conseguimos chegar a ela para mensuramos o estrago, mas tivemos notícia de que ela foi bastante atingida”, relatou Mendes.
No município de Itamonte, segundo coordenador da Defesa Civil municipal, a prefeitura orçou em R$ 13 milhões os prejuízos no município em decorrência das chuvas.
Criadores de truta estimam em R$ 4 milhões prejuízos com perdas na produção, de acordo com José Carlos Machado. Houve destruição de tanques e depósitos e contaminação da água onde os peixes eram confinados. Ao todo, 500 pessoas estão isoladas na zona rural do município, onde a maioria das localidades só é alcançada a pé.
No entanto, ele afirmou que as pessoas estão sendo atendidas com auxílio de funcionários da prefeitura e de helicóptero do Corpo de Bombeiros.
Já em Serranos, segundo Aurélio Azevedo da Silva, técnico administrativo da prefeitura, a cidade está isolada há uma semana. Os moradores somente têm acesso ao município vizinho por meio de uma passarela improvisada, que só cabe uma pessoa por vez. Segundo ele a cabeceira de uma ponte, que liga a cidade a Seritinga, foi levada pela cheia do rio Franceses. "Parece trabalho de formiguinha", disse em relação ao fato de as pessoas terem de entrar no município com mantimentos nos ombros. Segundo ele, combustíveis e produtos no comércio em geral começam a rarear. O escoamento da produção leiteira está bastante prejudicado, de acordo com ele.
Na vizinha Carvalhos, a produção leiteira, base da economia da cidade, também ficou afetada, mas tende a voltar ao normal, de acordo com o chefe de gabinete do prefeito da cidade. Conforme Giovanni Nable, no entanto, “80% do comércio da cidade foi afetado".
Ainda segundo ele, uma encosta, com “trincas enormes”, ameaça cair sobre casas nas imediações da área central da cidade, que tem 95 famílias desalojadas.
Em São Sebastião da Bela Vista as plantações de arroz e milho foram castigadas pelos temporais e inundações.
O coordenador da Defesa Civil da cidade, Cristiano Higino Rocha, disse que o levantamento das perdas ainda está sendo feito. Ele revelou que há mais de uma semana bairros da cidade ainda estão isolados e só se chega de barco. Ao todo, 300 pessoas estão desalojadas. No entanto, muitas famílias resistem a sair dessas casas por medo de saques. A preocupação da prefeitura é com essas pessoas, que têm contato com água contaminada e podem desenvolver doenças. Ainda segundo ele, um homem está há vários dias dentro de um bote no interior da sua casa.
Munidos de barcos, enfermeiros e médicos da prefeitura estão prestando assistência médica e levando material de limpeza e higiene pessoal, além de produtos para desinfecção de água a essas pessoas, informou o coordenador.
Ajuda
O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), disse nesta semana que encaminhou à União pedido de R$ 250 milhões para recuperação de danos causados às cidades mineiras pelas chuvas. Ainda segundo ele, linha de crédito do BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais) será utilizada para ajudar comerciantes que tiveram prejuízos advindos do mau tempo.
O tucano, que vistoriou cidades do sul do estado no último sábado, voltou à região na tarde desta quarta-feira (19) e deverá anunciar outras medidas para as cidades afetadas.
Segundo a Defesa Civil estadual, 16 pessoas morreram desde novembro do ano passado e 78 ficaram feridas em razão das chuvas. Ao todo, 84 cidades decretaram situação de emergência em Minas Gerais, de um total de 135 localidades que relataram terem tido transtornos nesse período chuvoso.
De acordo com boletim atualizado do órgão, 2.594 pessoas estão desabrigadas e quase 17 mil desalojadas. Até o momento, 243 casas foram destruídas e 6.621 apresentaram danos. O informe ainda revela que 113 pontes desabaram e 346 sofreram abalos na estrutura.
Nas últimas 24 horas, o órgão informou que a cidade de Ipuiúna (sul de MG e a 436 km de Belo Horizonte) foi atingida por forte temporal na tarde de ontem. O rio Pardo transbordou e 300 pessoas foram afetadas, sendo que 40 ficaram desalojadas.
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