Região metropolitana de SP teve mais de 85% acima da média de chuvas para janeiro, segundo o Inmet
Cidades da região metropolitana de São Paulo registraram, no mês passado e nos dois primeiros dias de fevereiro, volumes de chuva que superaram, em média, mais de 85% do volume esperado para o período. Segundo números do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a capital paulista bateu o recorde de janeiro de 2010, que já era o mais chuvoso desde o início das medições, em 1943: em janeiro do ano passado foram 480,1mm e neste ano, 494,5mm --107% a mais que a média para o mês, que é de 238,7mm. Choveram 19 dos 31 dias de janeiro de 2011.
O município de Mauá foi o segundo em que as chuvas foram mais intensas, apontou o Inmet, e onde o desvio em relação à precipitação estimada foi o mais alto: 90% acima da média, com 471,8mm ao longo de 27 dias de chuva registrados em janeiro. A média para o mês é de 248,4mm. Seis pessoas morreram na cidade, pelos números da Defesa Civil estadual.
Em São Caetano, com volume 86% maior que o esperado para janeiro, quando a média é de 249,5mm, foram 463mm em 28 dias de chuvas, pelos balanços do Inmet. Na cidade de Santo André, com 461,9mm em 28 dias e dentro de uma média de 248,4mm, choveu 86% a mais do que previa a meteorologia.
Bairro de Mauá concentra mortes e teme novos deslizamentos
São Bernardo, cidade em que a média para janeiro é de 248,4mm, teve 460,6mm em 28 dias de chuva, o que equivale a 85% a mais que o estimado. Já Guarulhos, com média de média 249,5mm para janeiro, fechou o mês com volume 74% -- foram 434,7mm em 25 dias de precipitação.
Oceanos
De acordo com o meteorologista Celso Oliveira, do instituto Somar Meteorologia, há pelo menos seis meses as condições climáticas apontavam para chuvas mais significativas em pontos da região Sudeste do país graças aos efeitos do fenômeno “La Niña”.
“O La Niña resfria as águas do oceano Pacífico, e uma das consequências disso para o Brasil são as frentes frias que tendem a estacionar no Sudeste e a provocar muita chuva”, disse. “Além disso, há por aqui o aquecimento das águas do Atlântico em toda a costa brasileira. Um oceano mais quente faz com que a água evapore com mais facilidade, e com uma frente fria estacionada, isso vai alimentá-la. Aí chove forte”, explicou.
Por outro lado, o meteorologista ressaltou: “Não tem como, infelizmente, a gente indicar o quão acima da média serão as chuvas para efeito de tomada de decisões nos municípios; e para este mês novamente deve chover acima do esperado em São Paulo e região metropolitana. Por isso o ideal é adotar ações de prevenção, sobretudo nas áreas de risco das cidades”, concluiu.
Operação Verão
Pelos números parciais da Operação Verão da Defesa Civil estadual --cujos trabalhos, iniciados em 1º de dezembro do ano passado, seguem até o próximo dia 31 de março--, 26 pessoas já morreram no Estado de SP em consequência das chuvas. Conforme o último balanço, divulgado às 6h30 desta quinta-feira, 100 municípios foram mais atingidos, o que resultou ainda em 23 vítimas com ferimentos, 2.190 desabrigadas e 11.430 desalojadas.
Entre as mortes registradas, de acordo com o balanço, a maioria, 17, foi decorrente de deslizamentos de terra. Por localidades, Mauá e a capital foram as que mais registraram mortos, com seis vítimas cada. No caso de Mauá, cinco delas registradas apenas no jardim Zaíra. Já na capital, as mortes, nas zonas sul, oeste e na avenida Nove de Julho, ocorreram em deslizamentos, desabamentos e afogamentos em enxurradas.
Das demais regiões do Estado, foram cinco mortes em São José dos Campos desde o início da operação. Todos os casos decorrentes de deslizamentos de terra na avenida Um, no bairro Rio Comprido. Já em Jundiaí, os quatro mortos registrados pela Defesa Civil foram todos por deslizamentos no jardim São Camilo.
Houve mortos ainda em Embu, Limeira, Praia Grande, Presidente Prudente e Tatuí --um, em cada cidade. Seguem em situação de emergência decretada pelas prefeituras, e homologada pelo Estado, os municípios de Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Franco da Rocha, Pracinha e Sumaré.
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