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Governador de Alagoas, Estado líder em homicídios no país, "pede socorro"

Carlos Madeiro<Br>Especial para o UOL Notícias

Em Maceió

11/03/2011 13h35

Em meio a maior onda de assassinatos já registrada por um Estado brasileiro, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) afirmou nesta sexta-feira (11) que “Alagoas pede socorro”. O clamor é direcionado ao governo federal, que deve interceder com ações para tentar frear o crescimento de 303% na taxa de homicídios do Estado entre 1999 e 2010.

“Alagoas pede socorro. Foi isso que eu disse ao ministro [da Justiça, José Eduardo Cardozo], uma semana antes da posse dele. Nós queremos, precisamos do governo federal, para que ele faça aqui, aquilo que está fazendo com o Rio: a presença maciça de todas as ferramentas possíveis e imagináveis para reduzir a criminalidade e o número de homicídios no Estado”, afirmou.

Segundo Vilela, o pedido “foi atendido” e, neste sábado (12), o ministro e uma grande comitiva chegam a Maceió para discutir ações estratégicas e uma parceria entre União e Estado no combate ao crime.

“Ele [o ministro] vem acompanhado de todo o seu staff, e vamos passar o dia inteiro discutindo a violência no país e em Alagoas e, a partir daí, traçar uma parceria efetiva, para que – palavras do ministro – Alagoas se torne modelo para as demais unidades da federação na redução no número de homicídios”, afirmou o governador.

Vilela acredita que a participação do governo federal com “todas as ferramentas possíveis” é viável e deve ser concretizada já neste sábado. “Nós temos tudo para construir essa parceria. Alagoas tem um governador de mão limpas, sem sangue, que não acoberta nada nessa área e que precisa de ajuda”, finalizou.

Em Maceió, o ministro José Eduardo Cardozo participa do “I Colóquio de Experiências Exitosas na Prevenção e Redução de Homicídios”. Segundo o governo do Estado, o objetivo do encontro é “discutir soluções para redução da criminalidade, que coloca o Estado em primeiro lugar em índices de homicídios no país.” Um pacto deve ser firmado, com ações a serem tomadas em Alagoas.

Devem participar do encontro representantes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Segurança Pública, Conselho Nacional de Comandantes Gerais de Polícia Militar, Conselho Nacional de Chefes de Polícia Civil, Conselho de Dirigentes de Órgãos Periciais e Liga Nacional de Bombeiros.

Segundo a SDS (Secretaria de Estado da Defesa Social), o ministro ainda deve assinar projetos do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania).

Homicídios

Alagoas fechou 2010 com a maior taxa de homicídios que um Estado brasileiro já registrou: foram 2.226 assassinatos, segundo dados da SDS, o que significa uma taxa de homicídios de 71,3 para cada 100 mil habitantes. Não estão inclusos no número os latrocínios (roubo seguido de morte).

Nos últimos anos, Alagoas registrou um aumento assustador no número de homicídios. Em 1999, o Estado teve 552 homicídios. Onze anos depois, o crescimento foi de 303%, com os mais de 2.000 registrados no ano passado. Já em comparação a 2009, o Estado registrou uma alta de 11% no total de crimes

Segundo o sociólogo e autor do estudo Mapa da Violência, Julio Jacobo, a taxa de homicídios registrada em Alagoas em 2010 é a maior que se tem registro em Estados brasileiros. “Na década de 80, alguns Estados chegaram próximos de 70 homicídios para 100 mil habitantes. Mas pesquisei e não encontrei nenhum Estado a chegar a 71”, disse, lembrando que a taxa alagoana é equivalente ao país mais violento do mundo. “El Salvador tem taxa exata de 71. O segundo país mais violento do mundo é Honduras, com 67.”