Mais de 134 mil estão desabrigados ou desalojados pelas chuvas em 11 Estados
Pelo menos 217 municípios brasileiros estão em situação de emergência ou em estado de calamidade pública, em 11 Estados brasileiros, em decorrência das fortes chuvas registradas este ano, apurou levantamento feito junto às Defesas Civis estaduais pelo UOL Notícias. Neles, mais de 134 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas.
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Minas Gerais lidera o ranking entre os Estados em que mais cidades foram afetadas --ao todo, são 132 em situação de emergência e 34.723 desabrigados e desalojados, além de 7.695 casas danificadas. Também hoje, a Defesa Civil do Estado confirmou a 18ª morte em consequência das chuvas --um adolescente de 12 anos que foi arrastado pelas águas da enxurrada, no último dia 11, em Governador Valadares. Testemunhas contaram que o menino brincava com amigos no bairro Santo Antônio, na periferia, quando acabou sendo levado pelas águas para dentro de uma galeria da rede pluvial que estava destampada.
Em São Paulo, segundo Estado mais atingido pelas chuvas desde o final de 2010, a Defesa Civil estadual contabiliza hoje 19 cidades em estado de emergência, além de 28 mortos, 30 feridos e 14.785 desabrigados e desalojados.
No Rio de Janeiro, a situação ainda é considerada delicada no norte do Estado, onde cinco cidades foram mais castigadas pelas chuvas dos últimos dias. Nelas, são pelo menos 800 pessoas desabrigadas ou desalojadas. Enchentes provocaram a interdição de várias estradas. Em Campos, por exemplo, são 112 famílias ilhadas nas localidades de Imbé e Pernambuca, segundo a Defesa Civil. Havia previsão de um ciclone hoje no litoral do município, mas ele não causou estragos.
Também no Rio, além das cidades ao norte, há ainda sete municípios em estado de calamidade pública na região serrana desde janeiro, quando os deslizamentos mataram mais de 900 pessoas. Outras 32.801 estão desabrigadas ou desalojadas na região, informou a Sesdec (Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil).
No Espírito Santo, onde o número de pessoas que perderam total ou parcialmente suas residências passa de 3.400, já são 25 municípios afetados, dos quais 14 --principalmente Viana, Cariacica, Guaçui e Alegre --decretaram situação de emergência. O número de desabrigados e desalojados chega a 1.819 pessoas, segundo o balanço de hoje da Defesa Civil estadual. O órgão informou, no entanto, que a situação geral já começa a se normalizar, ainda que em cidades como Guaçuí e Fundão aconteça ainda deslizamento de encostas e, em Cachoeiro de Itapemirim, o aumento do nível de água dos córregos tenha gerado pontos de alagamento e deslizamentos. Lá, uma menina de três anos chegou a ser soterrada, mas foi retirada com vida do local.
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Região Sul
No Sul do país, o maior número de desabrigados e desalojados está no Estado do Paraná, com 16.862 pessoas nessas condições. O Estado, que tem quatro mortes em consequência das chuvas, teve decretada calamidade pública para as cidades de Antonina e Morretes, no litoral. Guaratuba, Honório Serpa e Paranaguá decretaram situação de emergência.
Santa Catarina, segundo Estado do Sul com maior número de desabrigados e desalojados --14.361, ao todo--, tem 26 cidades atingidas por alagamentos, enxurradas ou deslizamentos, conforme a Defesa Civil estadual. Dessas, 14 cidades estão em situação de emergência.
No Rio Grande do Sul, onde foi decretada situação de emergência para quatro de oito cidades atingidas pelas chuvas, são 1.589 desabrigados e desalojados nas cidades de Rio Grande, Turussu, Arroio do Padre, São Francisco de Paula e São Lourenço do Sul, em estado de calamidade pública --as sete mortes da chuva foram todas lá.
Norte, Centro-Oeste e Nordeste
Além dos Estados de Sul e Sudeste, as chuvas ainda deixaram desabrigados no Maranhão, Mato Grosso do Sul e Pará e causaram duas mortes na Bahia, onde os municípios de Guaratinga e Itabuna foram os afetados.
De acordo com a Defesa Civil do Mato Grosso do Sul, são cerca de 2.800 desabrigados e desalojados em nove cidades afetadas pelas chuvas; cinco delas em situação de emergência. O governador de MS, André Puccinelli (PMDB), estimou semana passada em R$ 110 milhões os investimentos necessários para recuperação das localidades afetadas. A Defesa informou, no entanto, que o número de desabrigados está em declínio, com a trégua das chuvas mais fortes.
No Maranhão, são seis cidades em situação de emergência, nas quais 13.854 pessoas estão desabrigadas ou desalojadas. O grande volume de águas no Estado provocou a cheia dos rios Mearin, Itapecuru, Tocantins e Parnaíba, que cortam a região. O caso mais grave é do município de Trizidela do Vale, no interior, onde são 6.327 moradores desalojados ou desabrigados.
Já no Pará as chuvas deixaram em situação de emergência as cidades de Marabá e Tucuruí, mas, até o fechamento da reportagem, a Defesa Civil no Estado não tinha os números de desabrigados e desalojados.
Estradas
Os transtornos a estradas e rodovias em decorrência de chuvas e deslizamentos foram sentido principalmente no Sul do país. No RS, segundo o DAER (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem), não há nenhuma estrada interditada. Entretanto, 25 pontes dentro dos limites do município caíram e, em São Lourenço do Sul, 900 km dos 2.700 km da malha viária do município estão interrompidos.
No PR, apesar da liberação parcial da BR-376, na divisa entre Paraná e Santa Catarina, os motoristas continuam enfrentando problemas com o tráfego intenso de veículos. A fila alcançou 10 km de extensão na manhã desta quarta-feira (16). Sequência da BR-101 no Paraná, a via apresenta restrições ao tráfego em um trecho de 21 km, entre os municípios de Tijucas do Sul e Guaratuba.
Em SC, para evitar o congestionamento na rodovia, uma alternativa seria a BR-280, mas há uma parte dela interrompida entre São Bento do Sul e Corupá, no norte do Estado. A pista cedeu no km 94 por causa das chuvas, e ainda não há previsão de quando o problema será resolvido. A opção mais utilizada é a SC-301, que corta a serra Dona Francisca. Porém, durante os três dias em que a BR-376 ficou totalmente interditada, a rodovia estadual sofreu com longas filas. O percurso, bastante sinuoso e com faixa simples nos dois sentidos, estava sendo realizado ontem em tempo até seis vezes superior ao normal.
A PRF de Santa Catarina indica outros caminhos para quem quiser evitar a BR-376. Quem reside no Vale do Itajaí, por exemplo, pode acessar a BR-470 para chegar a BR-116, que leva até São José dos Pinhais (PR). De Florianópolis, a opção é seguir pela BR-282, em direção à serra catarinense, para acessar a BR-116 no município de Lages, o que aumenta a viagem em cerca de 260 km. As viagens de ônibus saindo da capital catarinense registraram atrasos de sete horas até Curitiba, e de doze horas para chegar em São Paulo.
* Com informações de Janaina Garcia e Fábio Luís de Paula, em São Paulo, Léo Pereira, em Florianópolis (SC), e Lucas Azevedo, em Porto Alegre (RS)
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