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MP denuncia quatro militares por fogo que destruiu donativos para desabrigados em Alagoas

Carlos Madeiro<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Maceió

25/03/2011 08h58

O comandante do Corpo de Bombeiros e coordenador da Defesa Civil de Alagoas, coronel Neitônio Freitas, foi denunciado pelo MP (Ministério Público) do Estado, no fim da tarde desta quinta-feira (24), por negligência e omissão que teriam resultado na destruição de 20 toneladas de donativos para vítimas das enchentes de junho de 2010. Em dezembro do ano passado, um incêndio destruiu um galpão localizado no bairro de Jaraguá, em Maceió, onde estavam armazenados os produtos.

Além de Freitas, também foram denunciados - por meio de uma ação civil pública - mais três militares: o secretário-executivo da Defesa Civil, tenente-coronel Denildson Queiroz, e os coronéis José Berilo Cruz e Adriano Amaral da Silva. Se condenados pela Justiça eles podem pagar multa e ficar proibidos de exercerem cargo público por até cinco anos.

Segundo o MP, o incêndio causou a destruição de cerca de 3.000 barracas que deveriam ser destinadas às vítimas das enchentes, além de roupas que foram doadas por pessoas de todo o país e que deveriam ter abastecido pessoas que perderam tudo na cheia do ano passado. Além disso, o local guardava material altamente inflamável.

À época do incêndio, a Defesa Civil havia minimizado o fato e informado que apenas roupas que teriam sido descartadas e poucas barracas estavam armazenadas no local. Porém, segundo as investigações do MP, o local armazenava grande quantidade de material que poderia ser doada aos necessitados. O prejuízo estimado somente com as barracas foi de R$ 12,5 milhões - bem maior que o estipulado inicialmente pela Defesa Civil.

Para o MP, as autoridades foram alertadas, semanas antes do incêndio, da situação precária do galpão, que é pertencente à Cooperativa dos Usineiros do Alagoas e foi cedido ao Estado gratuitamente. Ainda segundo a ação civil pública, a Defesa Civil não teria disponibilizado segurança para o local, deixando-o vulnerável - em janeiro, o resultado da perícia do Instituto de Criminalística apontou que o incêndio foi criminoso e provocado por uma única pessoa, que se aproveitou do local estar abandonado, logo no começo da manhã do dia 28 de dezembro, e ateou fogo.

A ação civil pública aponta ainda que um tenente da corporação fez um comunicado oficial sobre a situação do prédio e encaminhou ao comando do Corpo de Bombeiros. O documento, porém, teria desaparecido da Defesa Civil, mas foi recuperado pelo MP durante as investigações. No alerta que teria sido feito, as autoridades foram informadas que o local era alvo constante de assaltantes e usuários de drogas.

O UOL Notícias tentou falar com o coronel Neitônio Freitas, na manhã desta sexta-feira (25), para que ele comentasse as acusações  do MP, mas foi informado que ele se pronunciará sobre as denúncias até às 13h, por  meio de uma nota oficial. Os demais acusados não foram localizados pela reportagem.