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Justiça prende policiais por esquema que desviou 140 armas apreendidas em Alagoas

Carlos Madeiro<br>Especial para o UOL Notícias

Em Maceió

05/04/2011 13h00

A Polícia Civil e a Justiça de Alagoas estão investigando um esquema de desvio de armas que deveriam estar em posse do judiciário estadual, mas que foram parar na mão de criminosos no Estado. De acordo com um levantamento da Corregedoria Geral de Justiça, 140 das 300 armas apreendidas nos últimos dois anos, e que deveriam estar guardadas no Fórum de Arapiraca (maior cidade do interior do Estado, com 200 mil habitantes), foram desviadas.

Quatro pessoas estão presas desde a semana passada, sendo duas delas policiais militares cedidos à Justiça. A polícia acredita na existência de uma quadrilha que desviava as armas custodiadas e as vendia no mercado clandestino.

Foram roubados revólveres, pistolas e até metralhadoras que deveriam estar sob guarda da Justiça. Após a descoberta, a corregedoria determinou a inspeção em todas as comarcas do Estado para confirmar a custódia das armas.

Segundo o delegado regional de Arapiraca, Valdeks Pereira, o esquema foi descoberto em março, quando a Polícia Militar apreendeu nove armas em uma residência de Arapiraca. “Após consultar a procedência das armas -- que é um procedimento de rotina -- percebemos que elas deveriam estar no Fórum. Foi aí que descobrimos que algo estava errado e começamos a investigar”, explicou.

Pereira explicou que um dos acusados revelou que dois policiais militares seriam os responsáveis pelos desvios das armas. “Eles vendiam pistolas por R$ 1.200 e revólveres por cerca de R$ 700. E não vendiam armas só a essa pessoa que denunciou, mas a outras pessoas. Inevitavelmente essas armas paravam na mão de criminosos. Tudo isso está sendo investigado”, disse ao UOL Notícias.

Segundo o corregedor-geral de Justiça, James Magalhães, uma comissão composta por três juízes foi criada para investigar o caso internamente. A participação de servidores do Judiciário no desvio está sendo apurada, mas até o momento não há comprovação de participação no esquema.

Magalhães informou que haverá uma correição nas 5ª e 8ª Varas Criminais de Arapiraca – responsáveis pelas armas --, a fim de mudar os procedimentos de armazenagem das armas. Além disso, um cronograma de investigações sobre custódia de armas será realizado. “Todo o Estado será inspecionado”, disse.