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Piranhas, cidade histórica de Alagoas, pede socorro por mais segurança

Imagem mostra Piranhas, cidade do sertão de Alagoas que vem sofrendo onda de violência - Divulgaçaõ/Prefeitura de Piranhas
Imagem mostra Piranhas, cidade do sertão de Alagoas que vem sofrendo onda de violência Imagem: Divulgaçaõ/Prefeitura de Piranhas

Aliny Gama

Especial para o UOL Notícias<br>Em Maceió

27/05/2011 13h58

Uma onda de assaltos está levando medo a moradores, comerciantes e autoridades do histórico município de Piranhas, no sertão de Alagoas. Tombada pelo patrimônio histórico nacional e conhecida pelos tradicionais passeios de barco nos cânions do rio São Francisco, a cidade foi vítima de 16 investidas de assaltantes em uma semana. Assustados e temerosos pela falta de policiais, o município está apelando para segurança privada e até para que a PM (Polícia Militar) de Sergipe, com quem Piranhas faz divisa, faça rondas na cidade.

Esta semana, banco, residências, lojas e até mesmo prédios da prefeitura foram alvos de criminosos. Na quarta-feira (25), homens armados invadiram a agência do Banco do Brasil e levaram o caixa eletrônico. Em dois dias, cinco cassas e três estabelecimentos comerciais também foram atacados. O Centro Cultural e a Secretaria Municipal de Agricultura foram arrombados, na madrugada desta quinta-feira (26), e tiveram equipamentos furtados.

Por ser uma cidade turística, a preocupação maior está com a "fuga" dos visitantes. Prova disso é que o tradicional festejo junino "Forrogaço", que acontecerá entre os dias 2 e 4 de junho, poderá ter segurança privada, segundo informou o desembargador Washington Luiz, pai da prefeita Mellina Freitas e "escalado" pelo município para denunciar os casos de violência e cobrar providências do Estado.

"Estamos em situação muito preocupante. Dias atrás estive com o coronel Luciano [comandante da PM] e falei da situação por que passa Piranhas. A Companhia de Polícia de Piranhas não pode continuar com seis homens apenas. Nossa vizinha, Canindé do São Francisco [SE], tem, em cada plantão, 26 policiais, enquanto nós só temos três. Não existe investigação dos crimes. O coronel prometeu mandar o Bope, não mandou. Nós vamos contratar milícias, se for preciso, mas não podemos deixar de realizar o Forrogaço. Cada dia a cidade recebe em torno de 30 mil pessoas. E como vamos receber esse pessoal?", indagou Luiz, durante o lançamento do festejo junino, nesta quinta-feira.

Segundo o desembargador, a PM de Sergipe já foi acionada e teria se prontificado a "colocar ordem" em Piranhas. "O pessoal está tão desesperado que foi pedir apoio à PM de Sergipe. E eles disseram que, se tiverem autorização, vêm colocar ordem no negócio. Isso é um absurdo, ter que pedir socorro a um Estado vizinho porque a polícia de Alagoas não dá conta. Vamos procurar agora o governador [Teotonio Vilela Filho]", disse.

Funcionários e proprietários de lojas adotaram a lei do silêncio para evitar exposição. O UOL Notícias entrou em contato, na manhã desta sexta-feira (27), com oito estabelecimentos comerciais da cidade --dois deles vítimas de assaltos--, e apenas dois aceitaram falar sobre o medo das investidas de criminosos.

Funcionário dos Correios há 16 anos, Vinícius Medeiros Ferreira confirmou que a onda de assaltos é assunto principal na cidade e confessa estar  temeroso. Segundo ele, nos últimos três meses o número de assaltos vem aumentando. "Diariamente ouvimos histórias de assaltos. Vivo o risco iminente nos Correios, pois trabalho sozinho. A cidade era pacata, e os ladrões descobriram que aqui é uma maravilha para eles roubarem. Não temos segurança", disse.

Cecília Alves trabalha em um supermercado no centro da cidade e afirma ter medo de ser vítima dos assaltantes. "Todos os dias uma loja pelo menos é assaltada em Piranhas. Os mercados aqui do lado todos já foram roubados. É um absurdo, cinco, seis horas da tarde, os bandidos assaltares, quando ainda está claro. À noite a cidade está um deserto. Eu penso em nem ir para o Forrogaço para na volta não encontrar a casa arrombada", disse. 

Já um funcionário de outro supermercado, O Embalador, vítima de assalto na quarta-feira, não quis dar detalhes sobre o roubo, mas afirmou que, nesta sexta-feira, o estabelecimento está instalando câmeras para tentar inibir novas ações de criminosos.

PM diz que dá conta da segurança

Segundo o coronel Luiz Bugarin, comandante de policiamento do interior de Alagoas, não há necessidade de Piranhas pedir apoio à PM de Sergipe, e que a corporação em Alagoas consegue atender à demanda da cidade. "Essa questão de pedir apoio a outro Estado compete a um nível maior, do governador, não quero me meter. O que acontece em Piranhas ocorre também em outras cidades, já que está havendo uma ação de criminosos em outros municípios do interior. Em Piranhas não é diferente", afirmou.

Bugarin não soube informar quantos policiais estariam de plantão na cidade, mas afirmou que um batalhão e de um grupamento estão atuando na cidade. "O que acontece também é que, neste período, o número de investidas cresceu porque um braço da segurança não está funcionando", disse, referindo-se à greve da Polícia Civil , que já dura um mês. "A PM está tentando fazer essa cobertura."

Sobre o Forrogaço, o coronel informou que vai reforçar a segurança da festa, como ocorre todos os anos. "Só é enviar o ofício que mandaremos policiais até de Maceió, se for preciso", afirmou.