Quem é Olaf Scholz, que tentará reeleição contra ultradireita na Alemanha

O chanceler alemão Olaf Scholz vai concorrer à reeleição nas eleições gerais antecipadas da Alemanha, que devem acontecer em fevereiro de 2025. O premiê já foi ministro na gestão Merkel e prefeito de Hamburgo.

O que aconteceu

A direção do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) escolheu o atual chefe de governo para as eleições de 2025. O martelo foi batido nesta segunda-feira (25) por unanimidade entre os 33 membros do partido.

Os membros da sigla ainda vão oficializar a indicação em congresso, marcado para 11 de janeiro. As eleições gerais do país foram antecipadas para 23 de fevereiro, antes aconteceria em setembro de 2025.

A alteração da data das eleições foi motivada por uma crise política que resultou numa ruptura da coalizão governamental. O então Ministro das Finanças, Christian Lindner, do FDP (Partido Liberal Democrático), fez críticas públicas sugerindo a necessidade de um novo pleito. Com a crise instaurada e a demissão do ministro, a coalizão tripartite formada pelo SPD, Partido Verde e FDP chegou ao fim.

Nas eleições alemãs, os eleitores elegem a cada quatro anos um representante distrital e um partido político. Com o segundo voto, o eleitor define qual partido terá mais força e o que tiver mais assentos no parlamento indica um candidato ao cargo alto. Em resumo: os alemães votam indiretamente.

Scholz vive momento delicado após rompimento de coalizão. Em debate interno do SPD, outros nomes foram ventilados para o pleito, como o do ministro da Defesa Boris Pistorius, apontado como o político mais popular da Alemanha em pesquisas de intenção de votos. Contudo, o próprio Pistorius renunciou à sua candidatura.

Quem é Olaf Scholz

Scholz é advogado e desde o início da carreira defendeu pautas trabalhistas. O atual premiê alemão tem 66 anos e nasceu em Osnabrück, no norte da Alemanha.

Com 17 anos ingressou no SPD. Desde a juventude integrando o partido, fez carreira na política sendo eleito pela primeira vez ao Parlamento alemão em 1998.

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Foi prefeito de Hamburgo entre 2011 e 2018. Antes disso, fez parte de outra gestão na cidade e conseguiu altos índices de aprovação.

Serviu como ministro de Angela Merkel. Scholz ocupou o cargo de ministro do Trabalho no primeiro mandato de Merkel, entre 2007 e 2009.

Em 2018, assumiu o cargo de ministro das Finanças da Alemanha. Durante a pandemia de covid-19 sua atuação foi destaque por conta de um pacote de auxílio econômico de 130 bilhões de euros proposto para manter a estabilidade econômica do país — graças a isso seu nome passou a ventilar entre os cotados do SPD para a chancelaria em 2021.

Inicialmente, Scholz enfrentou resistência interna, sendo apontado, até, como pouco popular. Contudo, venceu as eleições em 2021 levantando a proposta de estabilidade para o país e combate ao avanço da extrema direita.

Confronto com a extrema direita

Além do SPD, o partido conservador alemão, CDU, e o Partido Verde também indicaram nomes para a chancelaria. Contudo, um nome em específico polarizar ainda mais as eleições no país germânico: Alice Weidel.

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Tudo indica, preliminarmente, que Scholz vai enfrentar a ultradireitista Alice no próximo ano. O nome, tutelado pelo partido de extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha) está em ascensão.

Pode ser a primeira vez que o partido de extrema direita terá um candidato oficial para o cargo. A sigla, segundo pesquisas de intenção de votos divulgada pelo jornal alemão Deutsche Welle, já figura na segunda posição em intenção de voto do eleitorado, com 19%. O partido de Scholz conta com 14%. Na primeira posição está a aliança conservadora CDU/CSU, com 32%.

Scholz vai enfrentar cenário desafiador. Com problemas de coalizão e crescente na popularidade do partido AfD, o candidato terá que renegociar uma nova coalizão para montar plataforma política para 2025.

Durante o anúncio de sua candidatura, a líder do SPD, Saskia Esken, disse que "com sua natureza de princípios, ele é o chanceler certo para a Alemanha". O premiê complementou: "Queremos lutar juntos e trabalhar para garantir que as coisas continuem no nosso país".

Entre os temas caros para Scholz, que ele pretende usar como trunfo para a tentativa de reeleição, estão a guerra na Ucrânia, em que ele promete ainda mais apoio ao país. Além disso, os preços de energia, mudança climática e o elevado custo de vida na Alemanha também são cruciais para o candidato.

*Com Deutsche Welle